Ao contrário do que muitos esperavam, o hexa não aconteceu. Em partes. Apesar da frustração na Copa do Mundo deste ano, o futebol brasileiro tem motivos reais para comemorar seis vitórias e essa conquista tem nome: Marta Vieira da Silva.
Seis vezes melhor do mundo. Maior vencedora do prêmio oficial da Fifa, entre homens e mulheres. À frente de nomes como Messi e Cristiano Ronaldo. Não é possível dimensionar o quanto é representativo e importante o currículo vitorioso de Marta, principalmente diante das dificuldades e da falta de incentivo ao futebol feminino no Brasil.
Enquanto a modalidade masculina ostenta patrocínios e números astronômicos, a maior jogadora de todos os tempos vence pela persistência em fazer o que ama. Desde o início, na pequena Dois Riachos, interior de Alagoas, Marta venceu o destino ao escolher um caminho considerado “anormal para meninas”. Escutou ofensas e comentários maliciosos, enfrentou a precariedade no futebol feminino e driblou tudo isso na vida, assim como faz no campo: com maestria.
No Rio de Janeiro, jogando pelo Vasco, Marta chegou à Seleção Brasileira. Com o desempenho apresentado no Pan-Americano e na Copa do Mundo Feminina em 2003, a menina de Alagoas voou ainda mais longe e alcançou o futebol europeu. Fez história na Suécia, passou pelo Santos e hoje é a camisa 10 do Orlando Pride, nos Estados Unidos. Ao longo da carreira, vem acumulando feitos históricos e chegou a ser a melhor do mundo por cinco vezes consecutivas. Aos 32 anos, mostra que sua dedicação e garra não diminuíram e retornou ao posto mais alto do futebol mundial ao conquistar, no último dia 23/09, seu sexto troféu de melhor do mundo.
É ótimo comemorar este hexa! Marta, mais do que nunca, crava seu nome na história do futebol brasileiro. É ícone máximo da representatividade feminina no esporte e prova, de uma vez por todas, que o campo também é lugar de mulher. Resta saber quando o país do futebol abrirá espaço de fato para novas Martas, Cristianes, Formigas, Andressinhas e tantas outras jogadoras.
A falta de incentivo, tanto social quanto financeiro, é grave. A maior parte dos grandes clubes brasileiros não investe de forma significativa no futebol feminino. A desigualdade salarial e de patrocínio é gritante e, apesar do título conquistado por Marta, seu hexa não é tão valorizado. Se fosse homem, certamente seria bem diferente. Mas que bom que temos Marta! É graças a jogadoras como ela que o futebol feminino resiste.
Edição: Wallace Oliveira