Jair Bolsonaro é a síntese da elite brasileira. Ao se olhar no espelho, os donos do Brasil provavelmente se sentiriam confortáveis ao ver refletido ali o rosto dele. Uma elite que despreza e odeia os pobres e miseráveis deste país. Que não sente vergonha em crer merecido o estupro cotidiano das mulheres. Que se excita com a tortura e que vê com naturalidade a escravidão e o extermínio negro. Tudo isso com o conforto de quem carrega nos lábios, sem qualquer pudor, Deus, a pátria e a família.
Uma elite que é incrivelmente ignorante e ao mesmo tempo inteligentíssima na arte de dominar. Que só consegue conceber uma ideia de país se este estiver a serviço dos interesses estrangeiros. Que crê que tudo se resolve na bala. “Homens de bem”.
Bolsonaro não é nada novo. Está por aí desde 1500. É o militar corrupto e torturador de ontem, o senhor de engenho dono de escravos de anteontem ou o bandeirante caçador de indígenas de outrora.
Os poderosos donos do Brasil às vezes perdem a vergonha de mostrar sua verdadeira face e passam a exibi-la com orgulho. É o que ocorre hoje.
Um completo idiota como Bolsonaro só se torna candidato à presidência e com chances de vitória porque representa a natureza daqueles no poder. O fascismo da elite brasileira veio à tona, pois ela falhou nas urnas nas últimas quatro tentativas. Porque, mesmo após aplicar um golpe de Estado, não teve capacidade de aprisionar e eliminar os sonhos do povo brasileiro.
Civilização ou barbárie
As eleições deste ano se polarizam radicalmente entre duas perspectivas: democracia ou fascismo. Todos que já perceberam os riscos e a insanidade em curso não podem se calar. Tudo deve ser feito para que Bolsonaro e o que ele representa saiam derrotados destas eleições.
Se a Justiça deste país escancara sua irresponsabilidade ao seguir cega a tudo o que esse senhor diz; se a mídia o acompanha com insensível naturalidade; se parcela do povo não vê o risco que corre e cai nos encantos da serpente; que aqueles/as que enxergam gritem que isso não, que isso nunca poderá ser tolerado.
A reação já começou. Com o protagonismo das mulheres, a juventude, as negras e LGBTs saíram às ruas de todo o país para dizer que ele não é uma possibilidade. Milhares de atos ocorreram no último sábado (29). Milhões que apoiam diferentes candidatos se uniram para dizer que ele jamais será uma opção.
Que outubro seja o mês em que o povo brasileiro derrotará o fascismo. Nas ruas e nas urnas.
Edição: Joana Tavares