A eleição para a presidência da República se concentrou no tema corrupção, segundo a pesquisadora Eliara Santana, entrevistada pelo Brasil de Fato MG no programa “Eleições na boca do povo”. Ela avalia que as propostas sobre todas as outras áreas, como a saúde, a educação e o emprego ficaram invisíveis, o que não é bom para os eleitores.
O programa também contou com a participação de Frederico Rick, da Frente Brasil Popular, que falou sobre a melhor forma de identificar as propostas dos candidatos. Perguntamos também sobre o que pode acontecer depois das eleições, no caso de Fernando Haddad (PT) vencer. Ficou interessado? Leia os melhores momentos:
Eliara Santana: jornalista, doutoranda na PUC e pesquisadora associada do Manchetômetro. O Manchetômetro é um projeto que estuda as manchetes e coberturas dos principais jornais do país e pode ser acessado em www.manchetometro.com.br
Como a mídia está se comportando nessa campanha eleitoral?
Vendo as matérias da mídia internacional eu senti uma vergonha profunda dos jornais brasileiros, que estão colocando Bolsonaro (PSL) como um extremo e Haddad (PT) como outro extremo. Não se trata de uma polarização. Não há dois extremos no campo democrático, porque um deles não é democrático. As pautas de Bolsonaro flertam com o fascismo, como o New York Times disse. Isso é terrível. Ele não poderia ser tratado como um candidato comum.
E em relação aos debates?
Nas entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional com os candidatos não houve debate em relação a problema nenhum do Brasil. Girou em torno da corrupção. É um tema crucial, mas há outros. Somos um país com 14 milhões de desempregados, por exemplo.
E qual é o nosso desafio para esse primeiro turno?
Precisamos ficar atentos a dois movimentos midiáticos importantes e que podem ganhar corpo nessas semanas finais. Um é a retomada da Lava Jato, que já foi anunciada com a operação em Portugal, outro é a entrevista do acusado de agredir Bolsonaro. A entrevista deve vir a público dois dias antes da eleição, quando já não tem mais campanha eleitoral para responder. Temos que relembrar que a Veja já fez isso em 2014.
O cientista social Frederico Rick, integrante da Frente Brasil Popular, analisou as alianças dos candidatos e as possibilidades de governos. Leia um resumo:
A mídia comercial já decidiu quem vai apoiar?
O candidato da mídia corporativa se chama Estado mínimo, se chama redução de políticas públicas, se chama retirar os pobres do orçamento. Não tenho dúvidas de que num segundo turno com um candidato que ponha isso em risco eles apoiarão o outro. Ainda que possa haver algumas divergências.
E como Fernando Haddad (PT) pode se comportar?
Eu espero que o Haddad saiba que a preocupação dele tem que ser oferecer pautas para os trabalhadores, sem ficar adulando o “mercado”, porque esse nós já sabemos que não está do nosso lado.
Análise: “50 tons de Temer”
É importante reforçar que alguns candidatos à presidência são da base do Michel Temer e defendem a continuidade do seu projeto: Alckmin (PSDB), Amoedo (NOVO), Marina (REDE), Bolsonaro (PSL) e Henrique Meirelles (MDB). Eles não são abestados, eles acreditam que isso é o melhor para o país, que uma reforma Trabalhista faz bem, que um povo ganhando menos é melhor, gera mais empregos. No entanto, retirar direitos dos trabalhadores não faz um país avançar, isso é uma mentira que não tem comprovação na história. Olha o que está acontecendo com a Argentina, com a Grécia, onde essas medidas foram aplicadas. Retirar direitos nunca foi a solução.
Edição: Joana Tavares