Trabalhadores, em tempo de retrocesso - como as retiradas de direitos trabalhistas com a contrarreforma da CLT, o congelamento dos “gastos públicos” por 20 anos, assim determinado pelo atual governo, e de possível contrarreforma da previdência social - cabe-nos escolher entre dois caminhos.
O primeiro é exercer o voto como mecanismo de resistência contra o golpe, contra a retirada de direitos, fortalecendo o trabalhador e barrando uma contrarreforma da previdência. Votar na ampliação da educação pública de qualidade, votar para permitir que mais crianças não morram de fome, votar para que a miséria seja extinta.
O segundo é o caminho do fortalecimento do sistema capitalista em detrimento dos nossos direitos, em que as contrarreformas com certeza serão ainda mais intensificadas, seja com a aposentadoria a partir dos 65 anos de idade para homens e mulheres, seja com o fim do 13º e adicional de férias, conforme entrevista do candidato a vice-presidente do Brasil, o general Mourão (PRTB). Os banqueiros estão assanhados pela vitória desse projeto de um candidato fascista.
Não podemos esquecer: querem que trabalhemos até os 65 anos de idade. Não consigo imaginar um bancário trabalhando em ritmo acelerado para bater as metas inatingíveis num momento em que deveria estar aproveitando a vida. Não estou sequer convencido que teremos emprego formal, com carteira assinada, dentro de 2 anos, caso o projeto de um determinado candidato saia vencedor.
Não quero acreditar que seremos algozes de nós mesmos, que endossaremos a entrega de nossas empresas públicas para a iniciativa privada, não quero e não posso acreditar que votaremos em uma proposta que deixa claro que farão a entrega do Banco do Brasil e da Caixa Econômica aos predadores internacionais. Ele não, ele nunca.
Proponho uma reflexão profunda sobre qual Brasil queremos: o do avanço das políticas públicas em que todos serão atingidos por melhorias proporcionadas pelo o Estado, com uma política séria de educação, saúde, transporte e emprego; ou um Brasil onde seremos mais uma vez reféns do Fundo Monetário Internacional (FMI) e sua sanha pelas riquezas aqui produzidas, como nos governos do PSDB.
Vejam o caso da Argentina: o atual governo foi de caneca pedir dinheiro para o FMI e em contrapartida necessitou aplicar reformas aviltantes contra a população. Lá a energia elétrica aumentou cerca de 1000 % em pouco tempo.
Capitalismo faz com que pensemos só no individual
O discurso contra a corrupção, tão bem empregado por um determinado candidato, não passa de palavras ao vento. Para qualquer bom analista, combater a corrupção não é liberar o porte de armas, não é ser homofóbico, misógino e racista, mas, sim, investir na educação pública de qualidade, ampliar as políticas públicas com sabedoria para fazer a divisão das riquezas produzidas de forma igualitária.
Peço que reflitam, e tirem suas próprias conclusões. É incabível a resolução de problemas sociais - sejam eles de violência, de saúde, de educação, de transporte, de acesso a casa própria - agindo com truculência e desrespeito. Há, sim, muitas questões que precisamos debruçar para chegarmos a uma solução. No entanto, para mim, somente através do diálogo, respeito, da capacidade de interlocução, da ousadia em fazer justiça social é que conseguiremos arrumar as coisas que Temer destruiu.
Não se deixe enganar pelo o caminho do ódio. O sistema capitalista tem a máxima de fazer com que pensemos somente no individual, impera a meritocracia, com o privilégio do mais forte em detrimento do mais fraco. Bem, sabemos que esse caminho traz consigo um rastro de sangue, de perversidade e, ao final, de arrependimento.
É como cidadão brasileiro, pai, trabalhador que escrevo este breve relato de minhas inquietações acerca da situação a que estamos expostos. Quero mais universidades públicas, salário digno, carteira assinada, o fim do assédio moral, mais justiça social, mais equidade e saúde pública de qualidade. Não desejo terceirização, não quero agências digitais em substituição da mão de obra, não quero desemprego, não quero a fome, não quero racismo, não quero truculência.
No dia 28 de outubro, votem com esperança, com sabedoria, com respeito.
*Robson Marques é diretor de formação sindical e políticas sociais do Sindicato dos Bancários de Juiz de Fora
Edição: Joana Tavares