Muitos eleitores que votaram no Romeu Zema, hoje governador eleito, quando perguntados sobre o porquê do seu voto, respondem: “estamos cansados dos velhos políticos, queremos algo novo”.
Quando olhamos para história política de Zema, e também para suas propostas, percebemos que ele não é nem representa bem isso. Zema é um empresário dono de uma grande rede varejista e foi filiado 18 anos ao PR, considerado um dos partidos mais corruptos do Brasil.
Dentre suas propostas, Zema anunciou, ainda em sua campanha, a privatização da Cemig e da Copasa. Como justificativa, dizia que isso possibilitaria serviços de melhor qualidade e tarifas mais baixas. Mas na década de 1990 ouvimos esse mesmo discurso para privatizar as empresas de telefonia, por exemplo. É preciso perguntar: esses serviços melhoraram? As tarifas ficaram mais baratas? Pelo contrário, presenciamos serviços piores e com taxas cada dia mais caras.
Nem pudemos saber o que seria ter uma empresa pública de telefonia no tempo dos celulares. Hoje, já pagamos uma das tarifas de energia elétrica mais caras do país. Imaginem se a Cemig estiver nas mãos de empresas transnacionais, cuja preocupação central é com o lucro, acima da preocupação com o atendimento da população e qualidade dos serviços. Sem falar na maior precarização dos trabalhadores, que já estão submetidos diariamente a situações de risco. Dados apresentados pelo Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro MG) mostram que, com as terceirizações, passamos a ter acidentes fatais com trabalhadores da Cemig e terceirizados a cada 45 dias.
E se hoje o saneamento básico (água e esgoto) ainda é precário ou mesmo ausente até em alguns bairros da capital mineira, imaginemos em uma lógica empresarial, em busca de lucro. O que hoje é considerado um direito essencial da humanidade será apenas mais uma mercadoria. Com isso, ao invés da efetivação desse direito, teremos mais restrição.
Pois é isso que quem votou pelo “novo” terá como governador. Alguém que traz consigo tudo aquilo que representa o mais antigo, o projeto neoliberal privatista. Além de não dar resposta aos problemas vividos pelo povo, ainda podemos ver entregues aos capitalistas internacionais bens importantes da nossa soberania nacional, como energia elétrica e água. Mais do que nunca o povo mineiro tem que se preparar para tempos difíceis e de resistência.
Edição: Elis Almeida