O esporte, assim como a arte, não é só fonte de entretenimento. Também pode ser um importante meio para informar, conscientizar e inspirar pessoas. Não é à toa que, em vários momentos da história, competições esportivas foram marcadas por protestos e posicionamentos políticos de equipes e atletas.
No futebol, pouco a pouco, a neutralidade sai de campo. Usando a visibilidade e o apelo popular que possuem, os clubes têm levado para os estádios temas relevantes para a sociedade, como o machismo, a violência contra a mulher, a homofobia e o racismo.
Nessa onda, alguns times brasileiros investem em ações que vão além do futebol. Foi o caso do Cruzeiro, em 2017, que chamou a atenção mundial com a campanha #VamosMudarOsNúmeros. No Dia Internacional da Mulher, o time celeste estampou nas camisas dos jogadores alguns dados alarmantes sobre a realidade das mulheres no Brasil, como a frase: “a cada 2 horas, uma é morta”.
Em 2018, o exemplo mais recente foi o Bahia, que levou a campo assuntos como a luta dos povos indígenas, pessoas com deficiência e mães com filhos desaparecidos. Em novembro, o time baiano usou a camisa tricolor para homenagear o mês da Consciência Negra, substituindo os nomes dos jogadores por pessoas que marcaram e marcam a história do povo negro no Brasil: Zumbi dos Palmares, Dandara, Mestre Bimba, Neguinho do Samba, Moa do Katendê, Gilberto Gil, Antônio Pitanga, Rita Batista e Dadá Maravilha.
Em tempos de pouca memória e descaso com a história, ações como essas ajudam a afirmar e a dar visibilidade a lutas e nomes que vão sendo esquecidos ou negligenciados com o tempo. Mais importante, ainda, é que essas ações tenham continuidade dentro e fora de campo. O esporte e, em especial, o futebol, pode ser uma grande janela para causas que vão muito além da bola.
Edição: Joana Tavares