Um dos grandes receios dos servidores e da população a respeito do governo Zema (Partido Novo) é o funcionamento da Fundação Ezequiel Dias (Funed). Durante a campanha eleitoral para o Executivo do estado, em um debate transmitido na televisão, o empresário deixou claro desconhecer a entidade e os trabalhados desenvolvidos por ela.
A gafe deixou os trabalhadores da instituição apreensivos e, na época, os funcionários até redigiram uma carta para explicar ao então candidato sobre a importância da fundação. Depois do acontecido, Zema afirmou ter interesse em manter a Funed em atividade. No entanto, o pós-eleição não é de tranquilidade. A partir do modelo de governo do Partido Novo e o histórico profissional de Zema, setores da sociedade temem que a organização seja privatizada.
Para enfrentar o momento e traçar um panorama de reivindicações para os próximos quatro anos, um congresso acontece na Fundação ao longo desta semana. Os trabalhadores também realizaram uma manifestação, na manhã de quarta-feira (19), para levantar alguns direcionamentos, como relata o funcionário da Funed e diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores de Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde-MG) Érico Colen.
“Queremos mostrar que a gente quer um projeto público estatal. Desde sempre, tanto nas gestões tucanas quanto na petista, existiram tentativas de privatização da entidade”, pontua Érico. Ele declara que, atualmente, Zema e o governo de transição estão se mostrando abertos para a possibilidade de fortalecimento da empresa, mas que a postura “não é motivo para ilusões”.
“Vamos continuar cobrando, nos mobilizando. Defendemos que o Estado não deve ser esse que só tributa e fornece serviços, mas um Estado produtivo, com indústrias que trazem soberania nacional para a assistência farmacêutica. Desejamos o desenvolvimento do SUS [Sistema Único de Saúde], da pesquisa em saúde”, garante o sindicalista.
Dia a dia da fundação
A cidade de Belo Horizonte tem 121 anos. A Fundação Ezequiel Dias, 111. Os primeiros trabalhos da organização se deram na área de pesquisa de vigilância sanitária e epidemiológica, efetuando o controle de doenças virais e parasitárias.
A partir da década de 1970, a produção farmacêutica foi iniciada. Hoje, a Funed trabalha de forma integrada com o SUS e fabrica principalmente os medicamentos mais simples – e essenciais – da rede pública, como dipirona, por exemplo. Além disso, existe ainda o setor de pesquisa e estudos laboratoriais, onde são efetuadas as análises de diagnósticos de dengue.
“Nós temos uma unidade para a confecção dos medicamentos antirretrovirais, que atendem ao tratamento das pessoas soropositivas. Temos indústria de soros antipeçonhentos, que tratam picadas, e estamos agora com a fábrica da vacina, que tenta a produção completa da vacina contra a meningite C. Nosso medo é que, com a privatização, a sociedade perca essas indústrias e o Estado tenha que comprar a preços altíssimos o que a gente já economiza produzindo”, declara Érico.
Edição: Joana Tavares