Muitas vezes olhamos pro mundo e parece que tudo vai de mal a pior. Ouvimos dizer que no passado é que a vida era boa, e que a humanidade está perdida. Mas será que é isso mesmo?
Falarei hoje de dois fatores que chamam bastante atenção e que podem contribuir nessa reflexão. O aumento populacional e da expectativa de vida das pessoas.
A espécie humana existe há pelo menos 100 mil anos. Demoramos esse tempo todo para sermos um bilhão de pessoas vivas. Isso aconteceu por volta de 1800. E em apenas 200 anos esse número já saltou para os 7 bilhões em 2010!
Somos muitos principalmente porque hoje vivemos mais. Estima-se que a expectativa de vida da população mundial no início do século XX fosse de algo entre 30 e 35 anos. Em pouco mais de um século dobramos isso. Espera-se que hoje as pessoas vivam em média até os 70 anos de idade.
O que aconteceu que possibilitou o aumento tão impressionante desses índices em tão pouco tempo?
Como já foi dito nesta coluna, questões complexas nunca possuem respostas simples. Tal avanço não é fruto de apenas um fator. Mas a ciência sem dúvida contribuiu muito para isso.
Quando pensamos em medicina de ponta, logo nos vêm à mente complexas cirurgias, tratamentos inovadores e caros. Mas o que fez com que a humanidade vivesse mais foram descobertas simples da ciência que possibilitaram o desenvolvimento de iniciativas acessíveis e de baixo custo.
Até o século XIX, a principal causa de morte das pessoas eram as doenças infectocontagiosas. Morríamos basicamente por doenças causadas por outros seres, como viroses e parasitoses. Com o avanço da ciência, essas doenças perderam o posto de inimigo número 1 da humanidade.
Deixamos de morrer de infecções pois criamos hábitos de higiene pessoal e saneamento básico. Isso foi possível devido às descobertas da biologia sobre a existência dos microrganismos. Além disso, o desenvolvimento das vacinas e dos primeiros antibióticos no início do século XX permitiu grande controle dessas infecções.
Assim, ao conhecer as causas daquilo que mais nos matava, foi possível evitar e tratar essas doenças, o que contribuiu em grande medida para o aumento populacional e nossa expectativa de vida.
E hoje? Do que morremos? Viver mais é sinônimo de viver melhor? Quais as perspectivas para o crescimento da população humana? E nossa expectativa de vida, crescerá mais? Até quando? Essas perguntas ficam pro nosso próximo encontro!
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais.
Edição: Joana Tavares