O Carnaval está chegando e com ele os lançamentos de músicas para agitar os foliões nas ruas e avenidas do país. E uma das que prometem agitar a galera é a parceria entre Daniela Mercury e Caetano Veloso, em “Proibido o carnaval”. O clipe foi lançado nesta semana e mostra os dois cantores bem à vontade, ao ritmo quente da música, num cenário bem colorido, com bailarinos que vez ou outra trocam beijos (héteros e homos) entre si.
A música pode ser considerada um manifesto contra aquilo que podemos chamar de “caretice” ou “onda conservadora” que atinge o Brasil nos últimos tempos. Por exemplo, fica bem clara a referência à fala da ministra Damares, de que meninos devem vestir azul e meninas rosa; a imposição de padrões de comportamento e sexualidade e a “certas proibições”. No final do vídeo, Daniela dedica o clipe ao seu companheiro Jean Wyllys, exilado na Europa após receber ameaças por sua militância em prol dos direitos humanos e da população LGBT. Daniela Mercury, autora da música, confirma mais uma vez a sua “militância musical”. Há tempos, ela vem se posicionando claramente contra o conservadorismo na sociedade brasileira. Ano passado, por exemplo, a considerada Rainha do Axé esteve à frente de trios elétricos em manifestações da campanha do #Elenão, que levou milhares de mulheres às ruas contra o então candidato Jair Bolsonaro.
Sobre a parceria com Caetano, a cantora disse que ao finalizar a letra da música lembrou-se do cantor, que logo topou a parceria. Ao postar o clipe nas redes sociais, ela lhe agradeceu: “Obrigada por deixar eu abusar de você nesse clipe”.
É fascinante ver a atuação de Caetano, que traz à memória seus tempos de Tropicália, com cores e ritmos vibrantes e visual bem à vontade.
Que a mensagem de “Proibido o carnaval” tome conta de nossas ruas nessa grande folia que toma conta do nosso Brasil, trazendo alegria, boas energias e muita disposição para a luta contra toda intolerância e ódio. Estejamos, como diz a música, vestidos de rebeldia, provocando a fantasia. Que venha o carnaval!!!
Um abraço!
*Felipe Marcelino é professor de filosofia.
Edição: Raíssa Lopes