A prisão de Temer vem em boa hora para o governo Bolsonaro e para os defensores da reforma da Previdência. Enquanto foi útil para aprovar medidas a favor do capital financeiro e da burguesia interna, foi mantido solto. Provas não faltavam, mas o Congresso impediu sua prisão em duas votações. A prisão, bem no aniversário de Bolsonaro, é um gesto, um agrado ao presidente de ultradireita com propósitos fascistas.
Sua prisão neste momento favorece o governo, desvia o foco da reforma da Previdência – que é o que realmente interessa aos banqueiros e, por motivos opostos, também ao povo -, fortalece a Lava Jato após duas derrotas sofridas no STF, e na decisão do conselho do MP que impediu Dallagnol de vir a ser o chefe da PGR. Fortalece a operação depois de ela ter sido defenestrada pelo absurdo fundo que pretendia criar de R$ 2,5 bilhões com recursos dos EUA e da Petrobras. Não por acaso a prisão vem um dia antes da reforma da Previdência entrar na pauta do Congresso Nacional.
A jogada fortalece Moro no momento que foi desqualificado por Rodrigo Maia e abre caminho para impedir novas derrotas da Lava Jato no STF. Fortalecerá ainda a campanha contra o STF, abrindo margem para o fim da PEC da bengala, o que pode permitir a Bolsonaro indicar cinco ministros do STF. Tudo isso favorece ainda mais o controle do judiciário por interesses fascistas.
A prisão de Temer ainda tenta justificar a prisão de Lula, buscando enfraquecer o discurso de que ele e a esquerda estão sendo perseguidos. É diversionismo diante da entrega do Brasil aos interesses dos EUA.
A prisão está longe de ser um gesto concreto de combate à corrupção. É muito mais um lance político para ganhar a opinião pública. O saldo é a favor de Bolsonaro e sua trupe, tirando-o do foco da crise política e dos recentes dados sobre enorme queda na sua popularidade.
A campanha do partido da Lava Jato, e dos bolsonaristas segue forte. Se a população não for esclarecida comprará gato por lebre. Se as forças democráticas não se atentarem, somarão forças para o crescimento do fascismo no Brasil.
Frederico Santana Rick é sociólogo e militante da Consulta Popular.
Edição: Joana Tavares