Dados do Ministério da Saúde apontam que os casos de sífilis no Brasil aumentaram consideravelmente nos últimos anos. De acordo com o Boletim Epidemiológico de Sífilis – 2018, publicado em novembro, a taxa de detecção da sífilis adquirida passou de 44,1 por 100 mil habitantes, em 2016, para 58,1/100 mil habitantes, em 2017. A população mais afetada são mulheres, principalmente negras, entre 20 e 29 anos. Nessa faixa etária, elas representam 26,2% do total de casos notificados, enquanto os homens são 13,6%.
Em Belo Horizonte, de 2016 a 2018, o número de casos cresceu 20,2%, passando de 3840 casos para 4616. A alta se deu principalmente na transmissão de mãe para filho na gestação ou parto, a chamada sífilis congênita, que aumentou 104,7%, e em gestantes, que aumentou 42,16%.
“Se identificam muitos casos, é porque as gestantes vão fazer exames, pois é rotina do pré-natal. Mas, se estamos identificando esses casos em gestantes, há muitas outras pessoas contaminadas na população”, explica Sofia Barbosa, enfermeira da rede pública de saúde.
Para combater o problema, a Secretaria Municipal de Saúde criou o Plano Municipal de Enfrentamento à Sífilis, intensificando a testagem, qualificando o pré-natal das gestantes e parceiros e ampliando o acesso da população vulnerável nas unidades de saúde, entre outras ações.
O que é, prevenção e tratamento
A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum. Você pode pegar essa infecção em uma relação sexual com pessoa infectada (sífilis adquirida), caso o contato ocorra sem uso adequado de preservativo. Durante a gestação ou parto, a doença também pode ser transmitida ao feto ou bebê (sífilis congênita). O primeiro sintoma é uma ferida sem dor na região genital, boca, colo uterino e outras partes sem dor, que muitas vezes passa despercebida.
Depois disso, a pessoa fica um tempo sem apresentar nenhum sintoma. Isso pode durar de meses a anos. Quando os sintomas voltam a aparecer, vêm com lesões na pele, maiores ou menores. Depois dessa fase, ela pode ficar novamente anos sem apresentar nenhum sintoma e, ao voltar, a doença provocar um comprometimento de órgãos internos e até levar a óbito”, alerta a enfermeira.
Por essas caraterísticas, a sífilis muitas vezes passa despercebida e quem foi contaminado, além de não se tratar, pode transmitir a infecção a outras pessoas. Segundo Sofia Barbosa, o diagnóstico precoce é fundamental no tratamento dessa e de outras infecções sexualmente transmissíveis. No SUS, os exames para diagnóstico estão disponíveis gratuitamente. Em Belo Horizonte, eles podem ser feitos nos 152 centros de saúde, no Centro de Testagem e Aconselhamento Sagrada Família (Rua Joaquim Felício, 141) e Centro de Testagem e Aconselhamento UAI (Rua Saturnino de Brito, 17, 3º andar).
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o município também conta com cinco Serviços Especializados em Infectologia (SAEs), próprios ou contratados, para o atendimento e acompanhamento de pessoas vivendo com sífilis. Neles, a testagem é feita sem necessidade de agendamento. Os dados da pessoa são mantidos em sigilo.
Fases da sífilis
Edição: Joana Tavares