Outro dia fui ao cinema assistir “Capitã Marvel”. Confesso, adoro um filme de super-herói! Em certa cena, a heroína utiliza seus apetrechos alienígenas para transformar um orelhão em um comunicador intergaláctico. Assim, ela tranquilamente conversa com seus amigos, como se estivessem na cidade ao lado. Só que eles estão em outra galáxia!
A cena me lembrou aquelas já famosas “liberdades poéticas” que o cinema adora, e que a ciência odeia. Som e explosões no vácuo, naves espaciais com gravidade interna, espécies alienígenas que sempre falam inglês... A lista é longa!
No caso do orelhão intergaláctico, você sabe onde está o erro?
A velocidade mais rápida com que algo se desloca no universo é a da luz. Ondas eletromagnéticas como as usadas na telefonia se movem a cerca de 1 bilhão de quilômetros por hora (ou, como é mais comum, a quase 300 milhões de metros por segundo). Sem dúvida, muito rápido! Mas, para as imensas distâncias do universo, não basta.
Se você conversasse pelo celular com alguém que estivesse no Sol, demoraria mais de oito minutos para a pessoa te ouvir. É o mesmo fenômeno que vemos na TV, quando repórteres de estúdio falam com outros na rua, e ocorre aquele delay, aqueles segundos de silêncio e sorriso amarelo. Só que como a distância até o Sol é grande, o delay no caso seria, ao invés de segundos, de minutos.
No filme, como as personagens estavam em galáxias diferentes, a comunicação entre elas seria muito mais complicada. Nunca instantânea como visto no filme. Para se ter uma ideia, o envio de uma mensagem pelo
WhatsApp para a galáxia mais próxima da nossa, a anã Nuvem de Magalhães, demoraria 158 mil anos. Se considerarmos que eles estavam no sistema solar vizinho ao nosso, o da estrela Proxima Centauri (bem perto, portanto) ainda assim a mensagem levaria quatro anos para chegar.
De acordo com a Teoria da Relatividade de Einstein, nada pode ultrapassar a velocidade da luz. Trata-se de um limite insuperável de nosso universo.
Assim, se pararmos pra pensar nas imensas distâncias que separam as estrelas e galáxias, percebemos como é fantasiosa a ideia de que seres de outros planetas nos visitam. Se uma nave viajasse na velocidade da luz, ainda assim demoraria muitos e muitos anos para chegar aqui. Todo esse esforço pra ficar escondido e fazer estranhos desenhos em plantações?
E você, se lembra de mais algum erro científico absurdo do cinema? Escreva e conte pra gente!
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais.
Edição: Joana Tavares