O governador Romeu Zema (Novo) indicou, na última semana, uma nova composição para a diretoria da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). O nome de peso que apareceu na lista, é de Ricardo Simões, que chegou a presidir a estatal entre 2009 e 2015, durante o período de gestão de Aécio Neves e Antonio Anastasia, ambos do PSDB.
A decisão, segundo Wagner Xavier, assessor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Minas Gerais (Sindágua), foi tomada de forma rápida e atropelada. A reunião do Conselho de Administração, órgão responsável por votar a nova diretoria, foi convocada para quarta (15), mas foi cancelada pelos seus membros no dia anterior.
“O governo não conseguiu mudar a diretoria porque fez com tanta pressa que não cumpriu o ritual de mudar o Conselho de Administração antes. É um desconhecimento [dele] completo da máquina pública. Ele acha que é um gerente de um posto de gasolina, em que ele vai lá e troca tudo a hora que quiser”, explica Wagner.
O Conselho de Administração atual é composto por Fernando Pimentel (PT), sendo que cinco membros são indicações do governo e os outros dois representam os trabalhadores e os sócios minoritários.
Para indicar uma nova diretoria, Zema terá que destituir o Conselho e indicar novos nomes que se encaixem em critérios previstos em lei – por exemplo, não ser filiado a partido político e possuir experiência de atuação técnica na empresa –, processo que dura no mínimo 30 dias. “O que aconteceu é que o Conselho de Administração desafiou o Zema”, afirma Wagner sobre o cancelamento da reunião. Eles poderiam ter votado a nova diretoria, mas ficariam submissos ao governo e tudo o que acontecesse na Copasa, a culpa seria do Conselho”, complementa.
Abastecimento da RMBH sob risco
Após o rompimento da barragem em Brumadinho, a Vale tem sido pressionada pela Copasa para construir novos pontos de captação de água no Rio Paraopeba, que foi destruído pela lama de rejeitos. A medida pode impedir o racionamento, já que o Paraopeba era responsável pelo abastecimento de água de quase 30% da capital mineira e 51% da região metropolitana. Veja matéria do Brasil de Fato sobre o assunto, aqui.
Esse seria o motivo da mudança da diretoria da Copasa, conforme denúncia publicada em rede social pelo deputado federal Rogério Correia (PT). “Essa captação [novo ponto no Paraopeba] deve ser custeada, obviamente, pela própria Vale, afinal é ela a responsável pelo prejuízo. A empresa, porém, não dá demonstrações de boa vontade. E poderá contar com uma diretoria “amiga” na Copasa, retardando a obra, que é fundamental para abastecer BH e região”, afirmou o deputado.
No dia 9 de maio, durante audiência de conciliação em Belo Horizonte no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), foi fechado um acordo em que a Vale irá construir um novo sistema de captação de água do Paraopeba, que deve ficar pronto no segundo semestre de 2020. No entanto, a Copasa alerta que devem ser tomadas outras medidas para evitar o desabastecimento, tema que será debatido em uma próxima audiência, marcada para o dia 21 deste mês.
Edição: Elis Almeida