Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada na Câmara Municipal de Mário Campos, Região Metropolitana de Belo Horizonte, contra a vereadora Andresa Rodrigues (PT). O motivo, segundo nota emitida no último dia 24 pelo vereador Cláudio Ferreira dos Anjos (PSB), presidente da Casa, é ela não ter respondido a um ofício que pedia que os vereadores que estão doando a recomposição salarial prestassem conta desses repasses.
Andresa Rodrigues perdeu seu único filho, de 26 anos, no rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão, em janeiro deste ano. Bruno almoçava no refeitório da mineradora e foi uma das mais de 300 vítimas do maior crime socioambiental do país. Pedaços do corpo de Bruno só foram encontrados após 100 dias de buscas.
Durante esse período de buscas pelo corpo de seu filho, Andresa recebeu um ofício da Câmara solicitando a prestação de contas do seu próprio salário, documento que ela não respondeu no tempo determinado. Por ter votado contra à recomposição salarial dos vereadores – a maioria dos parlamentares foram a favor do aumento do próprio salário – Andresa assumiu um compromisso com a cidade de doar a diferença para atividades e ações que visavam à melhoria da qualidade de vida de Mário Campos. Não ter respondido o ofício e não ter prestado contas das doações foram as motivações para a abertura da CPI.
Na opinião de Beatriz Cerqueira, deputada estadual pelo PT, essa decisão da Câmara é uma perseguição política à vereadora e um ato de covardia. “Os vereadores poderiam ter tido compaixão por uma mãe que perdeu o direito de conviver com seu filho. Hoje essa mãe responde a uma CPI porque ela não respondeu um ofício que foi protocolado enquanto ela procurava o corpo do seu filho junto com outros corpos, os quais sem a persistência das famílias, a ousadia e o enfrentamento ao poder econômico, não teriam sido devolvidos”, desabafou no plenário da ALMG.
No último dia 28, moradores de Mário Campos lotaram a Câmara Municipal em solidariedade à vereadora. Marcaram presença movimentos populares, lideranças sindicais e comunitárias e mandatos parlamentares. As apurações da CPI duram 120 dias.
Edição: Joana Tavares