Moradores de Contagem e Betim, cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, se reuniram na segunda-feira (24) para discutir o futuro da Área de Proteção Ambiental (APA) Vargem das Flores. A área abriga um dos três grandes reservatórios que abastecem a Grande BH. Segundo moradores das cidades, as construções no entorno e o adensamento populacional ameaçam a captação de água e a preservação ambiental da região.
Em 2017, a Câmara Municipal de Contagem aprovou uma lei complementar alterando o Plano Diretor da cidade. No novo plano, o zoneamento da APA Vargem das Flores foi modificado, permitindo que áreas consideradas rurais (cerca de 20 mil metros quadrados) fossem parceladas, tornando-se área urbana. Isso possibilitaria a instalação de empreendimentos imobiliários e industriais.
A Copasa encomendou um estudo à Fundação Coppetec sobre o impacto do Plano Diretor na vida útil do reservatório. O relatório final foi publicado em dezembro de 2018. Os resultados apontam que, seguindo a tendência atual de ocupação da Bacia Hidrográfica de Vargem das Flores, o reservatório pode perder seu espelho d’água em 33 anos ou mesmo estar assoreado em 23 anos.
“Se isso ocorrer, a represa acabará. O adensamento vai ser muito grande e áreas serão degradadas. A represa fornece água para 400 mil pessoas. A Copasa estava retirando água do Paraopeba e, com o crime ambiental da Vale, passa a depender ainda mais de Vargem das Flores”, alerta Romer Gontijo, presidente Associação dos Protetores, Usuários e Amigos de Vargem das Flores.
Ações
Para discutir ações de enfrentamento a esse problema, entidades e moradores das cidades de Contagem e Betim – municípios onde fica a APA Vargem das Flores – fizeram uma reunião de esclarecimento e organização na segunda-feira (24), em Contagem. Cerca de 50 entidades, entre associações e sindicatos, estiveram presentes.
"O principal encaminhamento foi que, no dia 2 de julho, vamos ter uma audiência pública na Câmara Municipal de Contagem, onde a Copasa vai explicar para a comunidade os impactos. Além disso, vamos fazer movimentações junto ao povo, para que possam tomar ciência do que está ocorrendo. E também pretendemos entrar com uma ação civil pública", conta Romer Gontijo.
No sábado (29) , moradores realizam um trabalho de conscientização da comunidade, com distribuição de material informativo e conversas com moradores. A ação acontece na Praça do Iria Diniz, no Bairro Eldorado, das 9h às 12h.
Edição: Larissa Costa