“Chorem no início para sorrir no fim”. Essas foram as palavras da atacante Marta ao sair de campo, após a eliminação da seleção feminina, na Copa do Mundo da FIFA. Mais uma derrota, mais uma chuva de críticas. Apesar da atuação honrosa diante da forte equipe francesa, o Brasil não era favorito. Como torcedora, a gente sempre acredita, mas grandes competições não são vencidas somente com raça e vontade. É preciso planejamento. Não somente para um jogo ou uma competição, mas para o futuro da modalidade no país.
Todo o retrocesso que o futebol feminino brasileiro viveu segue cobrando sua dívida. Se hoje Marta, aos 33 anos, desafia o mercado do futebol ao exigir equidade de gênero no esporte, é porque ela sabe o quanto ainda é necessário vencer barreiras no país. Se para um menino que está começando uma carreira nos campos é difícil, imagina para uma menina? De quantas peneiras ela terá possibilidade de participar? Quantas bases estão formadas para que ela jogue? Qual vai ser o incentivo que ela terá ao longo da vida para não parar?
O sistema é cruel, ele quer vitórias, mas, diante de países que investiram no futebol feminino, quando vamos trazer títulos para o Brasil?
O exemplo vem da própria anfitriã e algoz do Brasil, a França. Nos últimos anos, os grandes clubes franceses investiram em suas equipes, fortaleceram a liga nacional e atraíram grandes nomes.
Qual a receita desse sucesso? Apoio. De todos os lados. É fato que os clubes brasileiros começaram a criar suas equipes femininas, pressionados pela CBF, que, por sua vez, é pressionada pela Fifa. O objetivo é ter renovação, algo comum no futebol masculino. Afinal, não terá mais Marta, Cristiane e Formiga para sempre, como bem destacou a camisa 10. Por isso, ela foi incisiva ao sair de campo.Não culpou ninguém, mas direcionou seu recado às meninas: se valorizem, treinem mais, estejam prontas para o tempo que for. A tarefa segue sendo difícil, mas ser mulher é sinônimo de ir à luta. Um dia o sorriso vem!
Edição: Wallace Oliveira