A instituição inglesa Wellcome Trust divulgou nos últimos dias um interessante estudo que abordou a relação da sociedade com a ciência. Em seu Monitor Global 2018, a ONG entrevistou mais de 140 mil pessoas de 144 países sobre temas como ciência, saúde e religiosidade. No Brasil, foram entrevistadas mil pessoas entre os meses de julho e agosto de 2018.
Vejamos alguns resultados no país: 67% afirmaram não conhecer ou conhecer pouco sobre ciência, e 69% gostariam de conhecer mais sobre o tema. 80% não buscaram informações científicas nos últimos 30 dias. 64% dos brasileiros disseram confiar na ciência, e 58% afirmaram que a população se beneficia dos conhecimentos científicos. Ou seja, parece que a ciência não é algo muito presente na vida das pessoas, apesar de elas se interessarem e confiarem nela.
93% dos entrevistados concordaram que estudar sobre doenças é parte da ciência. E 80% gostariam de conhecer mais sobre medicina/saúde/doenças, apesar de 61% não ter em buscado informações sobre a área nos últimos 30 dias. Os brasileiros veem a relação da ciência com a medicina, mas parecem se interessar mais pela última do que pela primeira.
Os entrevistados confiam mais nos médicos e enfermeiros (72%) e nos cientistas (59%) para obter informações. E o maior nível de desconfiança para isso foi em relação ao governo (84%) e aos curandeiros tradicionais (77%). Ou seja, novamente resultados que atestam a credibilidade da ciência perante a população.
91% dos participantes afirmaram possuir uma religião. 46% acham que a ciência entra em choque com sua fé. E, nesse caso, 75% disseram que, entre ciência e religião, ficam com a segunda.
Os resultados encontrados para o Brasil não diferem muito dos resultados globais. Ou seja, a tendência existente por aqui é de que há uma credibilidade razoável da ciência, apesar de ela ainda se mostrar distante das pessoas. Isso, até o momento em que ela discorde da religião. Nesse caso, a população tende a não abrir mão da fé.
É preciso aguardar novos estudos semelhantes nos próximos anos para que possamos ver como esses dados evoluem. Contudo, saio animado desse diagnóstico! Ao mesmo tempo, que desafiado a seguir na busca por formas de aproximar a ciência da realidade do povo.
E você, o que achou dos resultados? Que conclusões tira desse estudo? Acha que ele reflete mesmo a realidade do país? O que podemos fazer para melhorar?
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais.
Edição: Elis Almeida