Segue a mil a preparação das mulheres mineiras para a Marcha das Margaridas, que acontece durante os dias 13 e 14 de agosto deste ano na cidade de Brasília (DF). O lançamento oficial em Belo Horizonte será nesta quinta-feira (11), às 14h, com uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A marcha reúne, a cada quatro anos, trabalhadoras rurais de todo o país nas ruas da capital federal para denunciar retrocessos e reivindicar direitos. Em 2019, são esperadas aproximadamente 100 mil mulheres. Vários encontros ocorrem em Minas para dialogar sobre as pautas com a população e divulgar o ato. Na manhã desta terça (9), a atividade foi uma panfletagem na Praça Sete, Centro de BH.
"Nós marchamos pela democracia; participação política das mulheres; soberania alimentar e energética; trabalho e renda; terra; água; por vidas livres de todo tipo de violência, sem racismo ou sexismo; liberdade das mulheres sobre o corpo e sexualidade; saúde, previdência, assistência pública; por uma educação antirracista e pelo direito à educação do campo", diz Alaíde Moraes, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (FETAEMG), que cita alguns dos assuntos levantados pelas margaridas.
Ainda mais dificuldade para aposentar
A reforma da Previdência será um dos principais temas levantados durante a marcha, visto que a mudança pode dificultar – e muito – o cotidiano das mulheres rurais. A aprovação da MP 871 pelo Congresso Nacional, de acordo com Alaíde, já foi um anúncio do que está por vir caso a reforma passe. "Só com essa MP já acontece uma decadência muito grande. Hoje nós temos inúmeros processos de mulheres requerendo aposentadoria parados nas agências do INSS. Não tiveram resposta e nem sabem se vão ter", diz ela, que também destaca pontos como dificuldade de acesso à licença maternidade e fim da pensão.
História
A Marcha das Margaridas é uma manifestação realizada desde 2000 por mulheres trabalhadoras rurais do Brasil. Ela acontece sempre em Brasília, no dia 12 de agosto ou em períodos próximos da data, que marca a morte da trabalhadora rural e líder sindicalista Margarida Maria Alves. Ela foi assassinada em 1983 quando lutava pelos direitos dos trabalhadores na Paraíba.
A primeira edição, em 2000, reuniu cerca de 20 mil agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras e extrativistas. O movimento é marcado pelas camisetas lilás e pelos chapéus de palha decorados com margaridas usados pelas manifestantes.
Edição: Rafaella Dotta