Fazendo um apanhado na literatura da Ciência Política comprova-se que não existe sistema de governo puro, pois os formatos variam ao redor do mundo. Mas o momento atual do Brasil confunde qualquer analista político. Ao mesmo tempo temos:
1. Parlamentarismo: o poder legislativo (parlamento) proporciona a sustentação política para o poder executivo. O (des)governo atual iniciou com Paulo Guedes fazendo o papel de primeiro-ministro. Como ele se mostrou um péssimo articulador, coube a Rodrigo Maia assumir esta função.
2. Monarquia: o monarca, imperador ou rei, governa um país como chefe de Estado. A transmissão de poder ocorre de forma hereditária. No Brasil, o presidente (o rei) distribui cargos para amigos da família, os filhos participam das agendas mundo afora, influenciam nas decisões importantes, promovem ataques nas redes sociais e até demitem ministros.
3. Ditadura: o poder político é controlado por militares, os direitos civis são suprimidos e opositores perseguidos. Hoje, dezenas de militares ocupam cargos estratégicos, há tentativas de mudanças em diversas áreas da educação, de alteração ou supressão de fatos históricos, endurecimento na repressão de manifestações populares e aumento da tensão nas relações do governo com a imprensa.
4. Presidencialismo: o presidente é o chefe geral do Estado e do governo, é responsável pela escolha dos ministros. Atualmente, o juiz responsável pela prisão do principal adversário do atual presidente nas últimas eleições ganhou como recompensa o cargo de ministro da Justiça, com promessa de receber como bonificação o cargo de ministro do STF.
Rafael Aquino é cientista político, gestor cultural e morador de Contagem.
Edição: Joana Tavares