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CUIDADO

Como vídeos pornôs afetam a sua vida?

Impotência masculina e insatisfação feminina são alguns dos resultados do uso de pornografia

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
A pessoa que usa pornografia tem grandes chances de se frustrar com seu próprio resultado sexual
A pessoa que usa pornografia tem grandes chances de se frustrar com seu próprio resultado sexual - Reprodução

"O assunto de hoje é ‘segredinhos sujos’”, começa o atorTerry Crews, em um vídeo de 2016 em seu perfil no Facebook. O ator, que fez filmes e séries famosas, como Todo Mundo Odeia o Cris e As Branquelas, revela que foi viciado em pornografia por muitos anos e que seu casamento quase acabou, até que ele finalmente resolveu dar um passo rumo à reabilitação.

Relatos como esse têm sido cada vez mais comuns em fóruns e grupos de internet, em que pessoas, na grande maioria homens, admitem o vício em pornografia e pedem ajuda. “Busco me regenerar desse vício faz anos e anos. Uma vida jogada no lixo”. “Estou muito triste comigo mesmo, já não sei o que fazer”, “Eu preciso muito de ajuda com relação a isso. Sei o quanto é errado. Eu não tenho dúvidas”, comentam internautas em vídeos relacionados ao tema.

A compulsão por vídeos pornô tem sido tratada como um vício real, que pode gerar ansiedade, insônia, depressão e, o mais preocupante aos homens: o problema de ereção. A psicóloga Vilene Eulálio de Magalhães explica que quando o consumo de pornografia começa a prejudicar relações com a família, com namoradas e/ou no trabalho, é porque o hábito se tornou um vício. “Pode ser tão danoso quanto a dependência em cocaína ou crack, fazendo a pessoa perder a vida social”, alerta a psicóloga.

Inimigo do prazer

Mesmo que o costume não se enquadre na categoria vício, usar pornografia tem grandes consequências. Um adolescente que, por curiosidade, procure pelas palavras “peito” ou “bunda” no Google, cai em sites que trazem em destaque vídeos brutais. Não “selvagem”, como se dizia anos atrás, mas realmente violentos, com socos, tapas, cuspe na cara, e outros extremos.

“Antigamente ainda havia sites que não eram tão pesados, mas nos últimos anos o conteúdo mais acessado é pornografia brutal. Quanto mais a pessoa entra nesse contexto de vídeos violentos, os próximos vídeos a aparecerem são piores e piores”, explica Isadora Ramos Leal, da página de Facebook Recuse a Clicar. E são exatamente estes vídeos que estão ensinando adolescentes e homens a tratar parceiros e parceiras sexuais.

A página Recuse a Clicar recebe relatos de mulheres que se dizem cada vez mais inseguras, traídas e violentadas com um parceiro que consome pornografia. “O comportamento dos homens passa a mudar, eles ficam mais violentos na hora de transar, fazem coisas que as mulheres não querem que eles façam. A gente recebe vários relatos de meninas que estavam se relacionando com o namorado e de repente ele pega ela no pescoço, dá um tapa na cara. E isso é muito preocupante, porque elas deixam explícito que não querem ser tratadas desse jeito e os homens continuam fazendo sem o consentimento”, conta Isadora.

Além disso, a pessoa que usa pornografia tem grandes chances de se frustrar com seu próprio resultado sexual. Os vídeos pornôs mostram o homem e a mulher de uma beleza padrão, sempre dispostos ao sexo. Porém, a realidade é muito diferente. A pornografia pode tirar o desejo da relação real e levar à impotência e outras disfunções sexuais.

Tem solução

Segundo a psicóloga Vilene Eulálio de Magalhães, quando o uso do pornô passa a prejudicar as relações sociais, é hora de buscar um profissional de psicologia. Na própria internet, é possível encontrar grupos de Facebook e até um movimento de reabilitação, chamado porn reboot (em português: reinicialização pornô). Eles afirmam que parar com o pornô e reduzir a masturbação traz benefícios para o corpo, a mente e as relações.

Prostituição nas câmeras

Isadora alerta ainda para a situação que vivem as atrizes de filmes pornôs, que gravam vídeos muito violentos e têm o corpo “vendido” como mercadoria. “A pornografia é como a prostituição, são mulheres de baixa renda que, desesperadas, acabam entrando [nesse mercado]. E isso não é uma escolha que se faça, ‘ou você fica com fome ou você grava um vídeo sendo abusada’”, indigna-se.
 


 

Edição: Joana Tavares