Os jornalistas, colaboradores e editores escrevem os textos; os radialistas editam e montam os programas de rádio; a revisora corrige linha por linha; outra jornalista publica tudinho na internet; a gráfica imprime e os distribuidores entregam os jornais nas mãos de 40 mil pessoas, gratuitamente. Há seis anos essa tem sido a rotina no Brasil de Fato Minas Gerais, que é publicado e transmitido toda semana.
Porém, uma grande parte do trabalho não é feito pela equipe profissional, mas sim por apoiadores. O jornal recebe fotos, depoimentos e seguidores das cidades mais distantes das Minas Gerais, que levam o Brasil de Fato a balcões de padarias, a sindicatos, a escolas e até a novenas.
O colecionador de receitas
Quando o Brasil de Fato completou dois anos em Minas Gerais decidiu se aventurar nas artes culinárias e a editoria de Variedades ganhou a coluna de receitas. A primeira “dica mastigada” foi um Bolo Formigueiro, na edição 97, em agosto de 2015. Desde então por lá já passaram biscoitos, crepiocas, fricassês, mousses, escondidinhos, farofas e doces.
E a coisa ficou ainda melhor quando descobrimos um livro dessas gostosuras. Antonio Martins de Moraes, de Uberlândia, é leitor do jornal e guarda todas as receitas desde que conheceu o Brasil de Fato MG. “Eu gosto de ler o Brasil de Fato para pegar as receitas de bolo antigas. Eu guardo elas, recorto e prego num livro de receitas. São várias que eu testei e são boas mesmo”, garante. Antonio, que já perdeu a conta de quantas receitas pregou no livro, só tem uma reclamação: quando a edição chega sem as “Dicas Mastigadas”.
Entre os muros da escola
Já a professora de geografia Cida Moreira não guarda jornais, ela os interpreta com as turmas do ensino fundamental II, ensino médio e do EJA. Ela é uma apoiadora firme sobre a necessidade do Brasil de Fato Minas, que ela diz ser um dos raros materiais de qualidade e consistente sobre movimentos populares, identidade indígena, quilombola, sindicatos e trabalhadores.
“Como temos pouquíssimo tempo para ir à fonte, para entender a realidade dos fatos, nos resumimos ao livro didático com dados defasados. Precisávamos de um material com bons textos e fotos, imagens do agora, para contrapor com as informações do livro e de outras mídias, como a televisão”, diz. Em sala de aula o jornal é usado para análises, debates e diálogos sobre temas atuais. “Comecei a usar o jornal e agora meus estudantes entendem melhor o que se passa local ou globalmente, e daí surgem as ideias dos projetos que executamos na escola”, relata a professora.
Uma ouvinte no ar
E, não cansados de nos surpreender com bons retornos, encontramos também uma ouvinte fiel do nosso programa de rádio. Há dois anos o Brasil de Fato entrou nas ondas do rádio por meio da Autêntica Favela FM, rádio comunitária de Belo Horizonte e uma das referências no país pela sua luta pela outorga. Todo sábado, às 11h, vai ao ar um programa noticioso de uma hora com notícias locais e nacionais.
A partir dessa audiência que achamos a ouvinte Edite Alkmin, ex-funcionária de rádio e que acompanha o programa todos os sábados. “Não é que eu seja de direita ou de esquerda, mas simpatizo mais com o programa do Brasil de Fato, porque fala de coisas que atingem diretamente todos nós”, revela. “Tudo o que vocês fazem é muito bom. Essa luta contra o preconceito, contra essa falta de paz”.
E depois de terminada a entrevista, Edite descobriu o telefone da redação e nos ligou para completar ainda: “Esqueci de falar o mais importante. Eu gosto de vocês porque vocês defendem muito os professores!”
Com tudo isso... vamos comemorar!
O Brasil de Fato MG vai celebrar os seis anos de comunicação popular nas Minas Gerais com uma festa gratuita, te esperamos lá!
Onde: Ocupação Pátria Livre (Rua Pedro Lessa, 435, Pedreira Prado Lopes, BH)
Quando: na sexta-feira, dia 23 de agosto, a partir das 18h
Atrações: Boi Luzeiro e os Tiozões do Pagode
Edição: Joana Tavares