Judoca alega que contaminação teria ocorrido pelo contato com uma criança
Campeã olímpica, mundial e pan-americana, a judoca Rafaela Silva foi flagrada no exame antidoping realizado nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. A aleta testou positivo para a substância fenoterol, que tem efeito broncodilatador e costuma ser usado para tratamento de doenças respiratórias como a asma. O teste antidoping foi realizado no dia 9 de agosto, data em que Rafaela Silva ganhou a medalha de ouro no Pan de Lima.
Em entrevista coletiva convocada pelo Instituto Reação na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), na Urca, zona sul do Rio de Janeiro, Rafaela Silva se defendeu da acusação de doping.
"Eu dei positivo. Estamos estudando e avaliando a possibilidade da substância ter chegado ao meu corpo. Estou aqui para falar. Quisemos antecipar, mas não podíamos falar antes da audiência. Não tenho nada a esconder. Não tomo remédio, bebida alcoólica. Sempre tive cuidado, não pego garrafa de ninguém. Sempre tive muito cuidado. Estou na mira, no alvo da WADA (Agência Mundial Antidoping) desde que cheguei à seleção de judô, em 2010. Justamente por não fazer esse tipo de coisa. Já sabia há um tempo, mas não tinha nada concreto", garantiu Rafaela Silva.
A suspeita da campeã olímpica nos Jogos Rio 2016 é que a contaminação possa ter acontecido a partir do contato com a bebê de 7 meses, Lara, filha de Flávia Rodrigues, outra judoca do Instituto Reação. O contato com a criança teria ocorrido no dia 4 de agosto, cinco dias antes do test positivo nos Jogos Pan-Americanos.
"Eu não faço uso dessa substância, não tenho asma, não tenho nada. Quando fiquei sabendo dessa notícia, fiquei pensando todos os dias o que eu tinha feito, o que podia ter acontecido. A única pessoa que fez uso dessa substância foi a Lara, que treina no Instituto Reação. Eu tenho mania de dar meu nariz para a criança chupar. Conforme ela vai chupando meu nariz, eu vou inalando as substâncias que ela manda para o meu corpo", afirmou Rafaela Silva.
O fenoterol não é uma substância proibida pela WADA, e sim, especificada. Antes de qualquer suspensão, o atleta pode apresentar a sua defesa em relação ao contato com a substância. Advogado de Rafaela Silva, Bichara Neto explica quais serão os próximos passos.
"Hoje tivemos uma audiência com a comissão disciplinar do Pan. O procedimento está correndo no âmbito do Pan. Por ser uma substância especificada, a suspensão preventiva não é obrigatória. A gente vai sustentar isso, ela está conseguindo apresentar uma versão que demonstra que ela não usou a substância com intenção de obter vantagem e nem com culpa. O único processo iniciado foi esse perante os Jogos Pan-Americanos. Vamos aguardar que a Federação Internacional abra prazo pra ela apresentar a versão dela", argumentou Bichara Neto.
Apesar da polêmica, Rafaela Silva garantiu que vai continuar treinando e se preparando para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020.
"Nenhum atleta se prepara para um momento como esse. Estou aqui para dar a minha cara a tapa. Fiz os testes, estou limpa. É continuar treinando, competindo e provar minha inocência", afirmou Rafaela Silva.
Edição: Brasil de Fato RJ