Inclinação do eixo da Terra altera incidência dos raios solares
Dia 23 de setembro marca o início da primavera deste ano aqui no lado sul de nosso querido planetinha! A data recebe um nome todo especial: equinócio. Nela, a duração do dia e da noite é igual em qualquer lugar do mundo, 12 horas para cada. De seis em seis meses há um equinócio, em março e em setembro.
A primavera é a estação do ano que dura entre um equinócio e o solstício de verão, data em que há a noite mais curta do ano. Com dias cada vez maiores, o clima gradativamente esquenta. Daí vem o verão, que dura até o próximo equinócio, do início do outono. E este seguirá até o solstício de inverno, quando há a maior noite do ano.
Você já parou para pensar por que existem essas estações?
A Terra está em constante movimento. Gira ao redor do Sol, no movimento de translação, que dura aproximadamente 365 dias. E ao redor de si mesma, na rotação, que leva cerca de 24 horas. Assim, temos o ano e o dia.
Imagine que a Terra é atravessada por um eixo que a corta do polo norte ao sul. A rotação ocorre sobre esse eixo, sempre no sentido oeste-leste. Acontece que tal eixo não está retinho em relação ao caminho que fazemos em torno do Sol. Está levemente inclinado, cerca de 23,5 graus. Graças a esse fato é que as estações do ano existem.
Todo mundo já deve ter brincado de atirar pedrinhas num lago. Se você arremessar a pedra bem de cima em direção à água, ela furará a superfície do lago e afundará, certo? Mas, quanto mais de lado o arremesso for, mais provável que a pedra, ao invés de afundar, ricocheteie e quique na superfície do lago. O mesmo fenômeno ocorre quando os raios solares se chocam com a atmosfera terrestre. Aqueles que a atravessam de forma mais reta chegam mais à superfície do que aqueles que entram mais inclinados. Os primeiros se concentram mais na região próxima à linha do Equador, enquanto os últimos, nas polares.
Graças à inclinação do eixo da Terra, nos dias próximos ao solstício de dezembro, o hemisfério sul recebe os raios solares de forma mais direta. Por isso, aqui é verão nessa época, enquanto no norte é inverno. Já em junho, a lógica se inverte.
O mais legal é perceber como a vida se adaptou a esses ciclos. A maioria dos seres, principalmente as plantas, desenvolveu estratégias para que sua reprodução ocorra nas épocas em que há mais luz do sol. Por isso a exuberância de flores e frutos que ocorre na primavera. Tudo para que os filhotinhos possam crescer com bastante energia no verão! É ou não é bonito demais isso tudo?
Um abraço e até a próxima!
*Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais.
Edição: Elis Almeida