No dia 27 de setembro, sexta-feira, a partir das 18h, diversos grupos, movimentos, ativistas e coletivos relacionados à causa negra de Belo Horizonte se reúnem na Praça da Estação para um Cortejo.  A data marca também o dia de São Cosme e Damião e o 7º dia de falecimento de Ágatha Félix, no Rio de Janeiro. Com o simbolismo desta data, o Cortejo objetiva homenagear e protestar a respeito dos assassinatos de crianças negras e periféricas, como Ágatha, Paloma, de 12 anos, do Morro do Papagaio/BH, J e Kauan, de 12 anos, da Baixada Fluminense/RJ, entre outros.

Para Zora Santos, uma das idealizadoras da ação, "ir para rua na próxima sexta é, antes de qualquer coisa, estarmos juntos reverenciando os nossos mais jovens que merecem e vão sobreviver. É muito importante abandonarmos a prática e a forma de fazer política que aí está e não nos contempla, só nos extermina. Esta convocação é para fazer valer o termo que tanto usamos e pouco praticamos: aquilombar". Ainda segundo Zora, é importante ressaltar que o racismo estrutural do Estado coloca a população negra em situação de invisibilidade nas suas denúncias e os transgressores denunciados frequentemente ficam em situação de impunidade. Assim, dar visibilidade a casos do tipo é essencial para que se atinja alguma mobilização da Justiça.

Construído a várias mãos, o Cortejo de BH se propõe a trazer visibilidade para a violência contra o povo negro, que tem ganhado as manchetes em 2019, provocando atos semelhantes, que estão acontecendo por todo o Brasil. Um dos organizadores, Evandro Nunes, do coletivo Pretas em Movimento, destaca: "Com isso, não estamos dizendo que antes não éramos atacados. Desde a nossa retirada do continente africano, somos paulatinamente violentados.  Mas com toda a movimentação dos movimentos negros e demais ativistas negros, havíamos tido conquistas favoráveis para o nosso povo e os povos originários. Porém, voltamos a viver em tempos de trevas, onde governantes estão, literalmente, abrindo fogo contra nossos corpos, numa guerra não declarada contra pobres, pretos e periféricos."

O ato/cortejo recebeu seu nome a partir de texto da escritora mineira Conceição Evaristo: "Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer". O Cortejo se concentra na Praça da Estação às 18h e segue, em silêncio, até a Praça Sete. Os organizadores convidam toda a população para que traga flores, velas e balões amarelos (símbolo de cortejos que estão acontecendo por todo país) para protestar pela vida das crianças e pessoas negras, pelo fim da violência policial e parcialidade da justiça e contra o racismo estrutural.

Serviço:

Cortejo "Nós combinamos de não morrer"

Sexta-feira, 27 de setembro, às 18h, com concentração na Praça da Estação e cortejo até a Praça Sete.

Mais informações: https://www.facebook.com/events/475545836331641/

Edição: Brasil de Fato MG