Minas Gerais

Coragem

Editorial | Claro que é possível

Há os que censuram e os que resistem

Belo Horizonte (MG) |
"Algumas estruturas sociais se mantêm porque não nos perguntamos se elas poderiam ser diferentes"
"Algumas estruturas sociais se mantêm porque não nos perguntamos se elas poderiam ser diferentes" - Mídia NINJA

Conhecer a própria história é poderoso e tem efeitos profundos. Individualmente, podemos nos livrar de traumas, amarras, medos e fobias ao entender as origens de determinados pensamentos, sentimentos, comportamentos. Conhecer as próprias limitações e possibilidades permite que sejamos mais inteiros, mais leves, que a vida seja mais simples e alegre.

Coletivamente, o efeito do conhecimento da história pode mudar absolutamente tudo. Algumas estruturas sociais se mantêm porque coletivamente não nos perguntamos, simplesmente, se elas poderiam ser diferentes.

Talvez seja por isso que os estratos dominantes da sociedade tenham tanto medo de debates abertos, de universidades livres, de escolas sem mordaça, de pensamento crítico, de arte e cultura, de investir no conhecimento. A censura – conforme explica o colunista João Paulo Cunha em seu artigo – já é prática corrente no país sob Bolsonaro. A matéria sobre a violência na votação do projeto de nome irônico (Escola “sem” partido, quando na verdade é o projeto da escola do pensamento único) demonstra como há a tentativa de controle do pensamento e como há – sempre – os que resistem.

Apesar das muitas más notícias, como a nova onda de fake news sobre a culpada pelo vazamento de petróleo na costa brasileira ser – claro, como não? – a Venezuela, e o leilão das nossas reservas de pré-sal, esta edição que você tem em mãos também anuncia caminhos de esperança, de sinais concretos que tudo pode sim ser muito diferente.

Ousar fazer

Há exatos 20 anos, uma grande marcha percorreu escolas, ruas e sindicatos para conversar com o povo, para saber como pensava e o que queria a população brasileira. Não para fins eleitorais, mas para formular e construir o que seria um projeto para o país. O contexto era de neoliberalismo e a resposta foi apontar para o futuro, para a organização popular capaz de construí-lo.

Agora mesmo, no vizinho Equador, a população reage contra o projeto do presidente-traidor Lenín Moreno, que aumenta os preços de tudo para agradar ao FMI. Indígenas se somaram ao grande protesto e o país vai precisar se reinventar, incluindo o povo nas decisões.

Em Portugal, a esquerda venceu. Em Roma, o papa defende os indígenas e a Amazônia. E a Elke Maravilha nos ensina, como conta o cronista Z Carota, que coragem para enfrentar o dia a dia nós temos de sobra. Vamos conversar mais, juntar forças, nos apropriar da nossa história e não vai ter golpista ignorante e mentiroso que segure essa maré.

Edição: Elis Almeida