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Democracia

Brasil tem atos contra governo Bolsonaro nesta terça (5)

Em Belo Horizonte, ato começa às 17h na Praça Afonso Arinos

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Manifestação contra Bolsonaro realizada em 2018 na capital mineira
Manifestação contra Bolsonaro realizada em 2018 na capital mineira - Foto: Mídia Ninja

Em dezenas de cidades brasileiras, manifestantes saem às ruas nesta terça-feira (5), em atos públicos contra o governo Bolsonaro (PSL). Em Belo Horizonte, a manifestação está marcada para começar às 17h, na Praça Afonso Arinos, região central.

Intitulados “Basta de Bolsonaro”, os atos são iniciativa das organizações estudantis e contam com a participação das frente Brasil Popular e Povo sem Medo, numa resposta aos escândalos envolvendo o governo Bolsonaro (PSL). Na última semana, o nome do ex-capitão foi relacionado ao crime que vitimou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

“Convocamos esse ato para exigir justiça por Marielle, mas também por tudo o que Bolsonaro tem feito. As políticas dele são para explorar ainda mais as pessoas, não há nada que resolva os problemas do país. Ele ataca a educação, temos visto o ambiente ser degradado com as queimadas, o óleo nas praias, o problema do desemprego, para o qual Bolsonaro não propõe nada, a reforma da Previdência, que foi uma prioridade do governo”, comenta Paula Silva, diretora de mulheres da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Paula ressalta que os atos desta terça vêm na continuidade dos atos massivos convocados por estudantes nos meses de maio e junho. Na época, milhares de pessoas em todo o país saíram às ruas, após o governo anunciar os cortes na educação e pesquisa científica no país. “Este ato de agora também é em defesa da educação e de um país democrático. Então, há uma convergência com tudo o que temos construído neste ano”, conclui.

Milicianos e Bolsonaros

Na terça-feira (29), dia em que Bolsonaro estava na Arábia Saudita em encontro amigável com o ditador Mohammed bin Salman, a TV Globo, sua antiga aliada, divulgou investigações relacionando o presidente aos suspeitos dos assassinatos de Marielle e Anderson. Segundo o porteiro do condomínio do Vivendas da Barra, onde Bolsonaro tem casa, o miliciano Sargento Élcio Queiroz obteve autorização para entrar mediante uma chamada na casa 58, pertencente à família de Jair Bolsonaro. A Globo não disse que foi Bolsonaro quem autorizou a entrada. Élcio Queiroz já foi fotografado com Bolsonaro em outra ocasião.

Um dia após a divulgação da denúncia, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) disse que a autorização partiu do miliciano e ex-sargento Ronnie Lessa, outro suspeito do crime, que era vizinho e conhecido de Bolsonaro. A filha de Ronnie Lessa já namorou o caçula do presidente, Renan Bolsonaro. O Ministério Público, entretanto, não disse de qual residência Ronnie teria autorizado a entrada.

Na quinta (31), a imprensa divulgou amplamente que uma das responsáveis por acompanhar o caso pelo MPRJ, a promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, era militante bolsonarista. Carmen, além disso, participou de ato que quebrou uma placa que homenageava Marielle, ao lado do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ). Após ter sido divulgada sua relação com a política bolsonarista, Carmen pediu afastamento do caso. 

No mesmo dia, um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), defendeu uma nova edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Essa medida foi decretada pela ditadura militar em 1968, suspendendo os direitos civis da população e permitindo o sequestro, tortura, assassinato e ocultação de cadáveres de “opositores” do regime, entre os quais crianças e mulheres grávidas.

A declaração do deputado foi amplamente repudiada no meio político. A oposição apresentou uma notícia-crime junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que Eduardo Bolsonaro tem foro privilegiado. A oposição afirma que a conduta do filho do presidente configura incitação e apologia ao crime, tipos previstos nos artigos 286 e 287 do Código Penal.

No sábado (2), Bolsonaro confessou à imprensa que se apropriou de provas relacionadas às investigações do assassinato da vereadora Marielle e Anderson, ao determinar que fossem recolhidas as gravações de voz da portaria do condomínio Vivendas da Barra. Para a oposição, esse ato configura crime de obstrução da Justiça e fundamentaria um pedido de impeachment.

Edição: Elis Almeida