Na semana em que o crime da Vale em Mariana (MG) completa quatro anos, o Brasil de Fato reuniu depoimentos de mulheres que, até hoje, têm suas rotinas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão.
Confira:
“Eu sou lavadeira, e a gente lavava a roupa no rio Doce. Desde quando a lama chegou não dá mais pra fazer isso lá, agora tenho que ir lavar lá no SAEE [Serviço Autônomo de Água e Esgoto] do rio Suaçuí, que é bem mais longe. Nas horas vagas a gente pescava e pegava uns dois ou três quilos de peixe por dia, por lazer e pra comer. Até hoje, não dá pra pescar mais”.
“Eu pescava e tomava banho no rio todo dia, hoje não faço mais nada nele, afetou tudo. Perdi meu lazer, meu alimento e meu sustento também né? A gente olha o rio aí hoje e se pergunta: quando vai voltar? Se é que vai voltar...”
“O nosso sossego acabou. Não tem mais emprego, é tudo terceirizado por eles. Não tem liberdade pra andar na cidade mais, as coisas ficaram todas mais caras, aluguel, alimento... Eu pescava antes e hoje não pega nada lá. Além disso tem a poeira na rua, a minha casa que ficou toda rachada com os caminhões passando lá na porta e que até hoje eles não arrumaram”.
“Eu vendia frutas e bolos na minha barraca e hoje não vendo mais nada porque perdi meus clientes. Os que conheciam o local da barraca já não param mais pra comprar. Depois do crime lá o trabalho acabou. Hoje não dou conta mais de sair na rua pra vender as coisas, tenho problema na coluna. Tenho dois netos pra cuidar e não tenho trabalho.”
“Sou pescadora de rio e mar e, até hoje, não conseguimos voltar a pescar. A Renova só me ignora, colocou no meu formulário que eu pescava só em rio, e em um rio que eu nem sei onde fica. Tenho três filhas e estou passando dificuldade sem a pesca”.
“Até hoje não incluíram o mar no meu cadastro de pescadora. Sou pescadora e preciso do meu sustento. Está cada vez pior a nossa situação, estamos sem trabalho e isso não pode ficar assim, não”.
Edição: Joana Tavares