Minas Gerais

Provas

Coluna de Ciências | Estudar muito na reta final funciona?

Um conhecimento resulta da criação de redes de neurônios complexas o suficiente para gerar memórias de longo prazo

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
É muita gente louquinha por uma vaga na universidade!
É muita gente louquinha por uma vaga na universidade! - Foto: Ag.Pará

Milhões de pessoas participaram do ENEM de 2019. É muita gente louquinha por uma vaga na universidade. Eu, professor do ensino médio, acompanho de perto a cada ano o sofrimento dos jovens com quem trabalho quando a data se aproxima.

Uma ansiedade super justificável. Afinal, farão um exame que avaliará toda uma vida escolar e que pode definir o futuro profissional deles. Não é pouca coisa em jogo. E aí, na reta final, alguns acham ser possível aprender muito em pouco tempo e buscam dicas para isso.

Virar noites de estudo, devorar livros, fazer intensivões e aulões. Isso funciona? Dá pra tirar o atraso assim, aos 45 do segundo tempo? Infelizmente, sinto informar que, ao que tudo indica, isso é pouco eficaz.

Ao estudar nosso cérebro e como ele funciona, a ciência pode nos ajudar na prioritária tarefa de aprender a como aprender. A escola deveria, ao invés de tentar enfiar conteúdos goela abaixo dos alunos, orientá-los cientificamente sobre quais são as melhores formas de estudar.

A primeira ideia que precisa ser descontruída é a de que o cérebro humano é um depósito, em que basta abrir uma gaveta e enfiar lá uma informação. E que o acúmulo de informações se transformará em conhecimento. Não é nada disso.

Um conhecimento resulta da criação de redes de neurônios fortes e complexas o suficiente para gerar memórias de longo prazo. Isso exige esforço e tempo. Há pesquisas que demonstram que isso ocorre melhor quando se relaciona o que é aprendido com alguma emoção ou contexto da vida da pessoa.

Um sono de qualidade é superimportante para o aprendizado. Mais do que ler páginas e páginas de um assunto incessantemente. Enquanto dormimos o cérebro se organiza e forma memórias. A prática de exercício físico e o lazer também ajudam muito. Ao descansar podemos desenvolver uma ideia e relações entre aquilo que estudamos e outras informações que já tínhamos.

Outra dica é estudar menos tempo, com intervalos. É mais eficaz, por exemplo, estudar trinta minutos por dia durante quatro dias do que duas horas seguidas em um.

Tente sempre ensinar o que viu para alguém (nem que seja pro espelho). A melhor forma de aprender é ensinar o que se estuda.

E esqueça aquele papo de estudar e ouvir música, ou ler algo enquanto assiste a um vídeo. Só conseguimos focar em uma coisa por vez. Por isso, concentração é muito importante.

Caso este ano o sucesso no ENEM não venha, não desanime! Use essas dicas para se preparar mais ao longo do ano e tente novamente!

Um abraço e até a próxima!

Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais.

Edição: Elis Almeida