Muito se tem discutido sobre os modelos de gestão dos clubes de futebol no Brasil. O debate, que é antigo, volta à tona neste momento com novos elementos, que evidenciam a forma arcaica com que nossos clubes são geridos.
Após várias tentativas por parte dos atores presentes no esporte e no Estado brasileiro de criar regras para transformar essas estruturas, o modelo de gestão vigente ainda é o associativo. Nele, além do presidente, vice e demais secretários, existem os conselhos deliberativos, formados por pessoas amadoras (sem formação profissional no futebol), que muitas vezes estão dentro dos clubes desde sua criação. Assim, as decisões técnicas tomadas por profissionais sobre que caminhos seguir na gestão do futebol, na busca por novas receitas, na política financeira e na interação clube/torcida ficam sempre à mercê do jogo político entre conselheiros. Toda esta estrutura viciada fez o debate sobre os clubes-empresa voltar com muita força.
São vários os exemplos no mundo de modelos de gestão empresarial em clubes de futebol. Alguns deram certo e outros deram errado. Atualmente, está sendo formatado no Congresso Nacional um projeto de lei que visa à transformação dos clubes em empresas. Essa ideia é apoiada principalmente por quem entende que a privatização é a salvação para todos os problemas da sociedade.
O fato é que, independente do modelo, não há garantias de que a gestão será feita de maneira profissional. Na sociedade individualizada em que vivemos – na qual as práticas empresariais também são pautadas por decisões políticas que beneficiam grupos específicos – a necessidade é de construir processos coletivos para planejar estrategicamente os passos que o futebol precisa dar para que todos os setores sejam desenvolvidos com equidade.
Edição: Joana Tavares