Um piquenique em protesto ao sucateamento do Centro Risoleta Neves de Atendimento à Mulher (Cerna) acontece na sexta (10), a partir da 14h, na Cidade Administrativa, em BH. A ação, organizada por mulheres assistidas pelo Centro, denuncia as mudanças promovidas pelo governo de Romeu Zema (Novo) nas regras de atendimento às vítimas de violência doméstica.
Segundo Solange Rodrigues Barbosa, assistida do Cerna e uma das organizadoras do movimento #FicaCerna, no início do ano o governador chegou a ameaçar de fechar o Centro. Apesar de ter voltado atrás, ele reduziu o número de profissionais pela metade. Outras mudanças promovidas pelo governo, segundo Solange, são cortes na estrutura, como carro e gasolina, e a limitação do número de atendimentos a cada mulher.
“Eu pergunto, a mulher que está em situação de violência pode receber só três atendimentos?”, questiona. Ela conta que atualmente cada mulher tem direito somente a três encontros com as psicólogas. “Ela vai entender tudo o que aconteceu com ela? Vai conseguir sair dessa situação? Porque a pressão que a mulher sofre é muito grande, da sociedade, da família...”, completa Solange. Segundo ela, antes das mudanças, havia um respeito pelo tempo que cada mulher precisava para se recompor e superar a situação de violência, sendo que o atendimento poderia durar 6 meses ou 2 anos, por exemplo.
Segundo relatório divulgado pelo Cerna, de janeiro a novembro de 2018, foram atendidas 1740 mulheres e, em 2019, conforme dados levantados pelo movimento #FicaCerna, o número de atendimentos caiu para 400.
História
Criado em 2004, o Cerna é um espaço de acolhimento e atendimento psicológico, social e jurídico às mulheres em situação de violência, de modo que as fortaleça e aumente sua autonomia e autoestima. Os Centros são estruturas do programa de prevenção à violência doméstica e fazem parte da rede enfrentamento, de modo que as ações são articuladas a diferentes setores, como assistência social, justiça, segurança pública e saúde.
No Cerna, até 2018, além dos atendimentos individuais, havia um grupo de mulheres assistidas que se reunia todas as quartas para discutir temas escolhidos por elas mesmas e pela coordenação. Segundo Solange, o grupo permitia que as mulheres trocassem experiências, compartilhassem suas histórias e se ajudassem mutuamente. “Frequentar o Cerna me fez descobrir quem eu era e o tipo de relacionamento que eu estava. Além disso me deu um suporte emocional para sair da relação abusiva, não voltar e me identificar o porquê que eu fiz aquela escolha, daquele tipo de parceiro”, conta.
Edição: Elis Almeida