Minas Gerais

CHUVAS

Kalil prometeu realocar 2 mil famílias de áreas de risco, mas resultado foi de 28

1.100 casas estão em alto risco de sofrerem deslizamentos ou soterramentos em BH. Prefeitura monitora

Belo Horizonte |

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Educadora analisa que algumas das atitudes da própria prefeitura têm contribuído para que famílias voltem a morar em áreas perigosas
Educadora analisa que algumas das atitudes da própria prefeitura têm contribuído para que famílias voltem a morar em áreas perigosas - Urbel

Os fatores para o deslizamento de terra ou desabamento de casas são múltiplos, e um dos principais deles – a chuva – coloca todos sob alerta nesta época do ano. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Belo Horizonte continua sob a possibilidade de pancadas de chuva pelo menos até a próxima semana.

Números da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) mostram que na capital mineira existem 1.100 edificações em alto risco geológico somente nas vilas e favelas. Das famílias que moram em locais classificados como risco muito alto, três foram removidas definitivamente e 10 foram removidas temporariamente já na primeira semana deste ano, de acordo com a Urbel.

Mas como resolver o problema?

Em campanha eleitoral em 2016, Alexandre Kalil (PHD), hoje prefeito de Belo Horizonte, foi o candidato que apresentou a proposta mais incisiva. Enquanto outros candidatos à prefeitura faziam meios termos, Kalil foi cortante. “Tem que retirar 2 mil famílias em zona de risco. Na prática, tem que correr na Defesa Civil na segunda-feira e na Prefeitura para que essa catástrofe que se tornou rotina na vida do pessoal de BH passe a ser exceção”.

Porém, informações da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) mostram que, desde que Kalil assumiu a prefeitura, apenas 28 famílias foram deslocadas definitivamente e 90 foram deslocadas temporariamente. Para a meta do prefeito, falta realocar mais de 1.900 famílias.

Em contrapartida, Isabel Volponi, diretora de Áreas de Risco e Assistência Técnica da Urbel, analisa que a política de remoções não é a melhor alternativa. O seu setor atua fazendo obras de diminuição de risco ou obras para prevenir riscos, o que, na análise dela, ajuda muito a não ter situações graves.

“As famílias em risco muito alto são removidas e as de risco alto são monitoradas”, diz. “Quando você tira uma família do local que ela vive, quebra todas as redes sociais e a organização de vida dela. A gente tem que tentar ao máximo evitar uma interferência brusca na vida da família”.

Remoções onde não precisa

A integrante do Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD) Valéria Borges mora na Pedreira Prado Lopes, que hoje não possui áreas de alto risco. Mas a educadora analisa que algumas das atitudes da própria prefeitura tem contribuído para que famílias voltem a morar em áreas perigosas.

“Ninguém escolheria risco para a sua vida. As pessoas vão morar nesses locais por necessidade. Na minha comunidade mesmo, a Urbel só retirou casas que não estavam em áreas de risco. Assim, a prefeitura acaba favorecendo essas áreas perigosas como a única a opção para gente, que não tem condição de comprar uma moradia”. “Se você anda na Pedreira hoje, já vê um monte de barracão como há 30 anos atrás, porque as pessoas já estão recomeçando a construir o seu barraquinho”.

Valéria lembra ainda que é lei que os governos municipal, estadual e federal trabalhem para garantir moradia a todos os cidadãos, como diz o artigo 6º da Constituição Federal.

O que fazer se minha casa estiver comprometida?

Fique de olho! A Defesa Civil de BH indica que os moradores fiquem atentos durante o período de chuvas. Caso apareçam fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas ou surja uma mina d’água ligue imediatamente para o 199.

Lembre-se de desligar os aparelhos elétricos das tomadas durante as tempestades com raios. Se estiver na rua, não se abrigue embaixo de árvores isoladas e evite os topos de morros e prédios. E jamais se aproxime de cabos elétricos arrebentados.

Edição: Elis Almeida