Minas Gerais

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Encontro de Comunicadores do Jequitinhonha aponta novos caminhos para a comunicação

Organizado desde 2012, evento deste ano contou com painéis, oficinas, troca de experiências e premiações

Colaboração para o Brasil de Fato | Araçuaí (MG) |
Jovens de Araçuaí presentes no 9º ECVJ
Jovens de Araçuaí presentes no 9º ECVJ - Darlian Rodrigues

Iniciado no ano de 2012, em Itaobim (MG), o Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha foi uma iniciativa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) por intermédio do Polo de integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha que acreditava que esse evento poderia proporcionar para a região uma revolução. Com a presença de comunicadores locais corresponsáveis com o movimento, foi eleita, em 2016, a comissão gestora que assumiria a realização do evento.

Dentro de quase uma década, o ECVJ, como é carinhosamente chamado, se transformou em um potente espaço de construção coletiva comunitária, de articulação e resistência à mídia comercial. Levantando discussões como o direito e a democratização da comunicação, o poder da comunicação popular nesse contexto, a importância da ética no jornalismo e a apuração de dados e fontes. Mas, sobretudo abrindo espaço para o protagonismo das juventudes.

O 9º Encontro de Comunicadores, realizado entre os dias 17 e 18 de janeiro de 2020 na cidade de Araçuaí (MG), experimentou um novo formato, avaliado positivamente pelos participantes por estar focado em resolver problemas da comunidade local, reconhecer pessoas chave que contribuem para e nessa mudança e articular parcerias com demais redes.

A Rede reúne coletivos e comunicadores populares do Vale do Jequitinhonha com o objetivo produzir em rede comunicação popular e independente que gere visibilidade para as diversas narrativas locais e promova a memória da região.

Painéis de debate

Durante a programação do 9º ECVJ foram realizados três painéis com palestrantes de várias regiões do país. Na tarde do dia 17, Joana Tavares do Brasil de Fato de Minas Gerais,  Mariana Dupin, do Levante Popular da Juventude, Raylson Magalhães, do Movimento dos Atingidos por Barragens e Bruno Vieira, do Jornal da Voz da Favela, de Recife (PE) se reuniram para o painel: “Comunicação Alternativa de Resistência”, que tinha o objetivo de apresentar coletivos e movimentos organização que produzem comunicação independente e pensar o papel da comunicação nas lutas populares travadas no Vale do Jequitinhonha.

No dia 18, aconteceram dois painéis, na manhã: “Mídias Tradicionais: Perspectiva de existência”, com objetivo de fazer um paralelo entre as novas mídias e as tradicionais presentes no Vale. Foram convidados: Banu do Blog do Banu; Pe. Rafael de Oliveira diretor da Rádio Santa Cruz de Jequitinhonha; Jenny Cardoso e Joseph Rodrigues, produtores do Cinema Meninos de Araçuaí; Rafael Ramalho, fundador da Carriello Filmes e Decanor Nunes, da Cáritas Diocesana Baixo Jequitinhonha para apresentarem seus trabalhos e como eles impactam a vida e o cotidiano do Vale.  

À tarde, os membros da comissão gestora iniciaram o terceiro painel, apresentando a Rede de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha e a ações desenvolvidas em 2019, como as oficinas formativas de coletivos em seis municípios da região e o Localizaí, uma cartografia-processo. Esse projeto foi um gatilho para o mapeamento das juventudes, dos espaços, movimentos e sensações que eles participam ou sentem na comunidade. A ideia é que as pessoas se apropriem do processo de descobrir sua cidade e adicionar as informações na plataforma do projeto.

Também neste período houve a candidatura da cidade de Jequitinhonha e Diamantina para sediar o 10º ECVJ em 2021. As cidades interessadas em receber o evento têm até o dia 29 de fevereiro, quando será divulgada a cidade escolhida, para enviar para a Rede de Comunicadores do Jequitinhonha as cartas de anuência dos potenciais parceiros. Outra decisão importante foi a eleição de Júlia Gomes de Araçuaí e Joana Dark de Diamantina para compor a comissão executiva do ECVJ, agora composta por seis pessoas: Felipe Cortez, Felipe Matos, Lucas Martins e Will Nascimento, além das eleitas mencionadas.

Por fim, a equipe recolheu as proposições para o futuro da Rede de Comunicadores do Jequitinhonha. Todas as participações foram captadas pela designer Priscila Justina, da Associação Imagem Comunitária - AIC, que as transformou em um quadro de síntese, utilizando design thinking, que foi lido para o público ao final de cada painel, relembrado o que foi falado.

Mostra dos núcleos de comunicação

Os núcleos de comunicação são coletivos que utilizam a comunicação para apresentar sua cidade, seu povo, seus problemas e também para informar e entreter os espectadores. A ideia é que esses coletivos criem seus próprios canais para exibir suas produções e as de quem mais quiser, se fortalecendo através de parcerias locais para ampliação dos trabalhos. Ao ingressar na Rede de Comunicadores do Vale, o núcleo passa a receber formações em educomunicação periodicamente, e a possibilidade de intercambiar em formações com coletivos próximos.

Durante o encontro, jovens da cidade de Pedra Azul, Itaobim, Almenara e Jequitinhonha trouxeram as produções e falaram como está sendo a experiência com as oficinas.

Oficinas

A estratégia da Rede de Comunicadores é oferecer oficinas durante o ano todo, dentro dos coletivos, tendo o ECVJ como um espaço de compartilhamento das produções e encontro dos coletivos. Essa sacada também possibilitou garantir público nos painéis de debate que aconteceram simultaneamente.

Foram ofertadas gratuitamente três oficinas: fotografia, marketing digital e Produção artesanal: Costurando a comunicação no Jequitinhonha, em parceria com os profissionais de fotografia May Ferreira e Ítalo Medina; dos empreendedores Gil Gobira, Júnior Amaral e Nayana Braga da Casa Preta Coworking, e com a escritora Herena Barcelos do Movimento de Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha, respectivamente.  

Prêmios de jornalismo, fotografia e cinema

A Rede de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha promoveu três prêmios inéditos na região, com objetivos específicos em cada edital, mas, sobretudo com objetivo de premiar os três melhores trabalhos em cada categoria (jornalismo, cinema e fotografia). Confira os vencedores na página da Rede no Instagram.

O 1º Prêmio de Fotografia do Vale do Jequitinhonha homenageou “Zé de Curto” – José Geraldo Oliveira - Pela sua história e pelos relevantes registros feitos durante a maior enchente do Rio Jequitinhonha, em 1979.

Edição: Joana Tavares