Tema envolve questões sociais, raciais, econômicas, religiosas e medicinais
A maconha é uma droga psicoativa. Ou seja, as substâncias presentes nela (principalmente o Canabidiol e o THC) alteram o funcionamento normal do cérebro. Tal efeito pode ser aproveitado para fins recreativos e medicinais. Há milênios a humanidade se vale de ambos os usos dessa droga, extraída de plantas do gênero Cannabis. Porém, desde meados do século XX, tal ato passou a ser considerado ilegal em grande parte do mundo.
Tema complexo esse, que envolve questões sociais, raciais, econômicas, religiosas, medicinais, legais… Nunca é simples falar sobre maconha. E a ciência é parte importante desse debate. Muitos estudos científicos foram e seguem sendo feitos para que possamos compreender como ela age no organismo, seus benefícios e malefícios.
Sabe-se que a maconha afeta a memória de curto prazo. Talvez daí decorra o mito bastante difundido de que seu uso causa a morte dos neurônios, as células que formam grande parte do cérebro.
Em 1974 foi publicado nos EUA um estudo que dizia comprovar a veracidade do mito. Nele, macacos inalaram diariamente fumaça de maconha e, após cerca de 3 meses, vieram a falecer. Ao analisar os cérebros dos animais os cientistas constataram uma grande diminuição no número de células nervosas.
Contudo, após os detalhes do experimento terem sido divulgados, descobriu-se que foi administrada uma quantidade absurda de maconha aos macacos, o equivalente a cerca de 30 cigarros por dia. Provavelmente, a morte neuronal se deveu muito mais a intoxicação pela fumaça do cigarro, principalmente pelo Monóxido de Carbono, do que pela maconha em si.
De lá pra cá diversos outros estudos foram feitos sobre o tema. A conclusão geral é que a fama de assassina de neurônios não cabe à maconha. Para efeito de comparação, o uso prolongado de álcool, uma droga cujo uso é legal, causa danos muito mais graves e permanentes ao cérebro.
A perda de memória de curto prazo e de concentração é momentânea. Dura enquanto a droga age sobre o organismo. Passado seu efeito, o cérebro volta a funcionar normalmente. Apenas em usuários que utilizam uma grande quantidade da droga durante muitos anos é que se verificou uma ligeira perda dessas capacidades nos testes realizados.
Algo interessante constatado é que tais efeitos prejudiciais são maiores quando o uso da droga se inicia na adolescência, período em que ainda ocorre a formação do cérebro. Isso reforça a importância da prevenção ao uso de drogas entre crianças e adolescentes.
Um abraço e até a próxima!
Edição: Elis Almeida