O clima entre os trabalhadores da educação e da segurança pública se acirrou nesta quinta-feira (13), durante a votação na Assembleia Legislativa do Projeto de Lei 1.451/20, que garante reajuste salarial de 41,7% para os funcionários da segurança pública.
Os professores, que durante a manhã acompanharam a prestação de esclarecimentos do governo sobre o não investimento do percentual mínimo na educação pública, permaneceram na ALMG para acompanhar a votação do reajuste da segurança. A categoria organizou uma fila que foi tomada após a chegada dos trabalhadores da segurança. No tumulto para garantir a entrada no plenário, diversas professoras foram agredidas e trabalhadores chegaram a desmaiar. Por causa do conflito, os profissionais da educação decidiram deixar a ALMG.
Denise Romano da coordenação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação - SindUTE/ MG destacou que a categoria não é contra o reajuste dado aos servidores da segurança e que o confronto é de inteira responsabilidade de Romeu Zema. “Tudo que aconteceu hoje é de inteira responsabilidade do governador. A cota de sacrifício de hoje foi a violência, a agressão física e o desrespeito. Mas nós não vamos ficar desanimados, responderemos com a ampliação da greve”, pontuou.
Ao se referir ao sacrifício, a sindicalista faz referência à declaração dada na noite anterior (12) pelo governador. Apesar de praticamente propor dobrar a remuneração dos servidores da segurança, sobre a situação dos trabalhadores da educação Zema declarou: "lamento pela greve e conto com o sacrifício dos profissionais da área. Estamos num momento difícil e com certeza vamos lutar para mudar este cenário. Precisamos ter paciência, pois estou olhando por todos”, escreveu o governador em sua conta no twitter.
Na avaliação da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) a atitude de Zema expõe o desrespeito que o Executivo tem com o funcionalismo público e expõe uma estratégia do governador para se retirar do foco dos debates “Ele quer jogar categoria contra categoria e desrespeita os servidores. Além disso, tenta aprovar na Assembleia a reforma da Previdência e o Regime de Recuperação Fiscal que, se aprovados, congelam a possibilidade de qualquer reajuste salarial para o funcionalismo público”, alerta.
A parlamentar apresentou uma emenda ao Projeto de Lei 1.451/20 que propõe a extensão do reajuste dado aos servidores da segurança (41,7%) para todo o funcionalismo público do Estado. No entanto, na votação desta quinta (13) a proposta foi rejeitada por 5 votos a 2.
A deputada explica que a emenda é uma oportunidade para que o governador abra espaço de negociação com as demais categorias, que até o momento estão sendo ignoradas pelo Executivo. “Respeito toda a negociação legítima da segurança pública. No entanto, não podemos nos omitir diante da ausência de resposta para mais de 70% do funcionalismo público estadual”, completa.
O PL foi aprovado e agora vai para votação no plenário. Apesar de ter sido rejeitada, a emenda ainda pode voltar ao plenário e ser anexada ao PL.
Além dos professores, que desde o último dia 11 estão em greve, os servidores da saúde também estão de braços cruzados.
Edição: Elis Almeida