O Papa Francisco celebrou na manhã desta sexta-feira (28) a missa na capela da Casa Santa Marta e ao final, como de costume, saudou os participantes.
Entre eles, havia brasileiros: o bispo auxiliar de Belo Horizonte, dom Vicente de Paula Ferreira, e o frei Rodrigo Peret. Eles estavam acompanhados do padre Dario Bossi, missionário italiano provincial dos combonianos no Brasil.
Luta por justiça
Dom Vicente é responsável por Brumadinho e está na Europa seguindo uma agenda de encontros sobre a questão ambiental. Até 11 de março, há etapas previstas em Viena, Bruxelas, Essen, Berlim e Genebra, para a 43ª Sessão de Direitos Humanos. Dom Vicente e o frei Peret integram a Comissão Episcopal de Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNNB).
A Igreja vem lutando ao lado das vítimas das tragédias de Brumadinho e de outros crimes, como o de Mariana, em busca não só de justiça, mas de uma conversão do sistema para que esses episódios não ocorram mais.
Passado um ano do rompimento da barragem em Brumadinho, depois de inúmeras lágrimas, missas e de tantas caminhadas, dom Vicente compara este momento com o de Maria ao pé da cruz, afirmando que “o amor existe, é Deus, mas o amor que resiste até o fim é feminino, é de mulher, é de Maria”. “A resistência de um amor que não desiste é mariano”, diz.
“A grande resistência hoje que vem de Brumadinho é das mulheres, das mães que continuam procurando seus filhos, são onze ainda que estão desaparecidos, das mães que estão chorando, mas estão celebrando, confiantes. Até mesmo a nossa equipe de trabalho são todas mulheres, jovens", declara dom Vicente.
Brumadinho nunca mais
Ao comentar a exortação apostólica pós-sinodal “Querida Amazonia”, Dom Vicente se inspirou nos quatros sonhos de Francisco expressos no documento (cultural, social, ecológico e eclesial) para revelar seu sonho em relação a Brumadinho:
"O meu sonho é que Brumadinho pudesse ser para humanidade um caso especial, que a gente tem que se debruçar sobre isso para aprender alguma coisa, porque o meu medo é que Brumadinho seja mais um caso e passe. Eu sei que pode ser uma coisa meio utópica, mas eu peço a Deus que seja assim, que a gente aprende e diga: nunca mais queremos isso para a humanidade. Nós honraríamos pelo menos o sangue dessas 272 pessoas que, inocentemente, morreram em frações de segundo por esse mar de lamas. Inclusive é por isso que nós estamos aqui".
Edição: Raíssa Lopes