Minas Gerais

Editorial

Bolsonaro é sinônimo de ataques às mulheres

Não é só um governo que ataca com palavras, mas que impõe uma política econômica que aumenta a pobreza e a violência

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
"A marcha é pela vida, pela dignidade, por direitos, pela democracia, por justiça, pão e paz" - Reprodução

“Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. “Ela é muito feia. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque ela não merece”. “O cara paga menos para a mulher porque ela engravida”.

Essas frases fazem parte do discurso machista do presidente Jair Bolsonaro, que deixa nítido que sua política é de absoluta violência institucional contra as mulheres.

No Brasil, as mulheres são mais da metade das pessoas desempregadas, atingindo 7,5 milhões. Mais de 30 milhões de lares são chefiados por elas, mas o atual governo excluiu mais de 1,5 milhão de famílias do programa Bolsa Família, em que 92% dos titulares são mulheres.

Já o Minha Casa Minha Vida teve 42% de corte orçamentário, sendo que 89% da titularidade era feminina. Ao mesmo tempo, são elas que sofrem mais com precarização do trabalho e que passam a se aposentar ainda mais tarde, mesmo realizando duplas jornadas e a maior parte do trabalho doméstico.

São as mulheres que sentem mais com o congelamento do Sistema Único de Saúde e da educação pública, pois ficam mais sobrecarregadas com os trabalhos de cuidados com os filhos e idosos. Segundo relatório recente da Oxfam, mulheres e meninas em todo o mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado. Caso fossem remuneradas, isso significaria uma contribuição de, pelo menos, US$ 10,8 trilhões por ano para a economia global, o triplo do valor gerado pela indústria tecnológica, por exemplo.

Luta por dignidade

Não é só um governo que ataca com palavras, mas que impõe uma política econômica que aumenta a pobreza e violenta as mulheres. É por isso que neste 8 de março, Dia Internacional de Luta pelos Direitos das Mulheres, a marcha é pela vida, pela dignidade, por direitos, pela democracia, por justiça, pão e paz.

Para além do enfrentamento ao governo Bolsonaro, é importante entender que o desafio para destruir todas as formas de opressão e de exploração que as mulheres sofrem passa por construir outra sociedade. Uma sociedade justa para todas as mulheres, sejam trabalhadoras, negras, indígenas, LGBTs, rurais... E serão muitos passos até chegarmos lá! Mãos à obra!

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Edição: Joana Tavares