O golpe que está em curso em nosso país, desde o impeachment da Dilma, tem como centro do seu ataque as mulheres. Ao retirarem com um golpe parlamentar a primeira mulher eleita presidenta do Brasil, quiseram dar um recado de que as mulheres não podem ocupar os espaços de poder, que esse não é o nosso lugar.
As medidas que seguiram com o governo Temer, reforma trabalhista que flexibilizou e retirou direitos conquistados e o congelamento dos gastos com políticas sociais por 20 anos, abriram as portas para uma maior precarização da vida de todas as mulheres trabalhadoras, pois são elas que mais utilizam as políticas públicas, sobretudo as de proteção social. A ocupação militar no Rio de Janeiro e o assassinato de Marielle explicitaram o caráter racista e misógino do projeto que viria ocupar o governo federal com Bolsonaro e o estadual com Zema.
Passado mais de um ano de governo Bolsonaro e Zema vivenciamos a concretização desse projeto. O desmonte das políticas públicas para as mulheres, conquistados com muita luta nas últimas décadas se materializa cada vez mais no projeto político que nos governa. No ano de 2019, a Secretaria da Mulher, órgão do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foi reduzido de R$ 119 milhões para R$ 5,3 milhões.
Os recursos para o atendimento às mulheres em situação de violência recuaram de R$ 34,7 milhões para apenas R$ 194,7 mil. Em contrapartida os casos de feminicídios crescem consideravelmente. Minas Gerais, em 2018, foi o estado brasileiro com maior número de mulheres vítimas de feminicídio no Brasil.
Além do aumento dos casos de feminicídio, observamos também o aumento da informalidade e do crescimento de postos de trabalhos precários, o aumento da presença de mulheres e crianças entre a população em situação de rua, os problemas com as matrículas dificultando o acesso à educação. Essas são expressões do aprofundamento desse projeto de morte, machista, racista, antidemocrático e anti-povo.
Nós, mulheres, estamos construindo em nosso cotidiano uma resistência para vivermos e não apenas sobrevivermos. Mais do que nunca precisamos estar juntas e nos fortalecermos!
Enfrentamos esse projeto ocupando as ruas para denunciá-lo, precisamos conversar com cada mulher, nossas vizinhas, amigas, colegas de trabalho, de escola, faculdade, para que sejamos milhares, para que nosso canto e tambores ecoem fortes por todos os cantos de Minas em um mesmo canto de luta!
Resistimos para ter vida e direitos, nos organizamos para derrotar Bolsonaro e Zema e produzir pelas nossas mãos um projeto popular, feminista e antirracista! A liberdade que queremos alcançar em nossas vidas virá pelas nossas mãos e pela nossa luta.
Aprendemos com a história que só da luta brota a liberdade!
Bernadete Monteiro é militante da Marcha Mundial das Mulheres e Liliam Anjos é militante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos.
Edição: Joana Tavares