Nos últimos dias circulou pelo WhatsApp um vídeo de autoria de um tal “químico autodidata” em que ele afirmava que o álcool em gel não é eficaz no combate a infecções como a do coronavírus. Você recebeu esse vídeo? Acreditou no papo do cara?
Esse é um ótimo exemplo do poder das fake news. Há anos os mais respeitáveis órgãos de saúde e pesquisa do mundo afirmam que a aplicação de álcool nas mãos mata microrganismos, o que evita uma série de infecções. Basta um doidão qualquer gravar um vídeo e soltar nas redes sociais e, como por mágica, todo mundo passa a questionar o que era verdade.
O vídeo em questão possui várias características de uma fake news clássica. Tom alarmista; questionamento do status quo; uso de expressões técnicas de forma a se dar credibilidade à notícia; pedido para repassar a informação para o máximo de pessoas possível; e uma boa dose de teoria da conspiração.
Fica esperto! Sempre que receber algo desse tipo busque fontes seguras de informação, como órgãos oficiais e universidades. Há também diversas páginas na internet especializadas em desmascarar fake news. Visitá-las antes de repassar aquela notícia bombástica que recebeu no grupo da família pode ser bastante útil.
Mas, e o que a ciência diz sobre a eficácia do álcool em gel? Diversos estudos reafirmam que o álcool etílico possui sim a capacidade de eliminar vírus, bactérias e fungos, seja da pele seja de superfícies e objetos. A substância age na desestruturação de proteínas e lipídeos presentes na composição desses microrganismos, o que causa a morte dos mesmos.
É importante que a concentração do álcool seja igual ou superior a 70%. Ou seja, para cada 100 mL do produto, 70 mL são álcool e os outros 30, água e outras substâncias, como aromatizantes e espessantes. Lavar as mãos com água e sabão também é bastante eficaz. Diversos testes mostram que a correta higiene das mãos é um poderoso instrumento para se evitar a proliferação de várias doenças. Lave ou aplique o álcool em toda a superfície da mão, na parte da frente e atrás, entre os dedos e com especial atenção para as unhas, que devem ser mantidas curtas.
Como já foi dito nesta coluna, o coronavírus possui taxas de proliferação e mortalidade semelhantes às da gripe comum. Devemos tomar cuidados sim, pois ficar doente nunca é bom. Principalmente idosos e pessoas imunodeprimidas. Mas sem paranoias! Esta epidemia não é a primeira e nem será a última que a humanidade enfrentará. E está longe de ser a mais grave.
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de Biologia da rede estadual de MG.
Edição: Elis Almeida