Com a crise do coronavírus, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) anunciou, recentemente, mudanças que impactam trabalhadores da empresa e usuários do serviço. Entre as medidas divulgadas, estão a suspensão de corte do fornecimento de água aos clientes que possuem tarifa social até o final de abril; clientes comerciais terão o prazo de vencimento da conta prorrogado para maio; a leitura de hidrômetros localizados dentro dos imóveis não será realizada e, portanto, a conta será calculada a partir da média dos valores dos meses anteriores.
Grande parte dos trabalhadores, como na maioria das empresas, foi dispensada, inclusive aqueles que fazem parte do grupo de risco. No entanto, os leituristas e outros funcionários, por exemplo, os que realizam manutenção nas ruas, continuam o trabalho.
Eduardo Pereira de Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água em Serviços de Esgotos de Minas Gerais (Sindágua-MG), explica que a Copasa presta um serviço essencial à sociedade, principalmente neste momento em que água é essencial no combate à disseminação do vírus.
"Nós estamos vivendo um momento em que precisamos mostrar para a sociedade a importância da empresa pública. Vários políticos, movimentos e organizações têm pedido para a Copasa isentar a conta de água, para a Cemig, estão pedindo a mesma coisa. Só podemos pedir isso porque são empresas públicas. Se fossem privadas, isso nuca aconteceria, porque seria como se a gente tivesse pedindo para um restaurante para fornecer marmitex de graça", aponta o sindicalista que também é secretário de meio ambiente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT Minas).
Ele explica que ainda estão sendo negociadas com a empresa medidas para intensificar a proteção dos trabalhadores que continuam na ativa, como a distribuição de kit de higiene pessoal e transporte alternativo, para evitar o uso do transporte coletivo.
Frente à crise que o mundo está vivendo com a pandemia do Covid-19 e o aumento da sua transmissão no Brasil, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) propõe a isenção de tarifas de serviços essenciais.
Acesso à água
No último domingo (22), se comemorou o Dia Mundial da Água. Neste ano, em meio à pandemia do covid-19, a água é uma das formas mais indicadas para prevenir o contágio. Dados da Unicef, apontam que no mundo 40% da população, o equivalente a 3 bilhões de pessoas, não possui lavatório com água e sabão em casa.
No Brasil, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), mais de 83% da população tem acesso à rede de água, apesar de somente 52% ter o esgoto coletado.
Segundo Eduardo, do Sindágua, em Minas Gerais 92% da população tem acesso à água tratada, sendo que a maior parte dos municípios é atendida pela Copasa. Ele explica que a empresa, que trabalha com subsídio cruzado – ou seja, retira parte dos recursos de um município que dá lucro e investe naqueles municípios que dão prejuízo, garante o abastecimento das cidadezinhas do interior, algo que está ameaçado com a possível privatização da Copasa.
“Hoje o que temos de mais fundamental é a água. E privatizar a água é limitar esse recurso. Se as empresas fossem privadas, tenho certeza que estariam aumentando a tarifa, argumentando que está tendo mais consumo porque o pessoal não está saindo de casa”, discute.
A Copasa divulgou, na última semana, que o lucro referente a 2019 chegou à casa dos R$ 754 milhões, um dos maiores da história da empresa. “Ao contrário do que Romeu Zema está falando, a empresa é eficiente. Acho que está na hora do governo devolver esse dinheiro, isentando as pessoas de baixa renda”, completa.
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Edição: Elis Almeida