Estou aqui em minha reclusão social, juntando meus pensamentos acerca do momento atual. Como todos as/os brasileiras/os lúcidas/os, me choquei diante do pronunciamento genocida do presidente da República, Jair Bolsonaro, que equivocadamente as pessoas chamam de “louco". Considero esse adjetivo uma agressão às pessoas que de fato são loucas, até porque mesmo elas têm seus limites colocados em sua insanidade. E Jair Bolsonaro é alguém sem nenhum limite. Ele é um homem mau, que não mascara o que pensa e deseja para o outro.
Há em suas falas um ódio mal contido, expresso em seu olhar dilatado. Hitler também se expressava desta maneira, aliás, vejo ele muito mais próximo desse nefasto ídolo do que de qualquer outra coisa. Hitler, em seu ódio e psicopatia, construiu mecanismos de dizimação em massa.
Bolsonaro não precisa ir tão longe, construiu em seu entorno uma horda de pessoas tão perversas quanto ele, que utilizam dos avanços tecnológicos existentes hoje para propagar seu ódio e política genocida. As redes sociais são hoje a marca desta política de ódio, que não respeita a vida, a humanidade e a soberania.
O pior é que há por trás de Bolsonaro um silêncio conivente dos poderosos deste país, que ainda justificam sua verborragia, e se omitem diante dos descalabros proferidos por Bolsonaro toda vez que ele abre a boca. Bolsonaro, assim como Hitler, não são diferentes, nem loucos. São perversos em suas necropolíticas.
A trajetória política de Bolsonaro sempre foi pautada pela mesquinhez, pelo desrespeito e pelo ódio. Incapaz de ser um líder, como se espera de um presidente, apresenta-se como alguém extremamente perigoso, que se vale dos assombros que provoca na sociedade para impor sua necropolítica eugenia a. Sim, porque é tão, mais tão assombrosas suas falas, que por vezes as pessoas não acreditam que ouvem aquilo mesmo. Mas estão. E ele encontra eco em vários segmentos sociais. Segmentos esses que até bem pouco tempo estavam escondidos por trás do verniz social e que, hoje, não têm mais necessidade de se esconderem pois têm na maior autoridade do país um espelho a ser seguido.
Volto a reafirmar que o problema da Alemanha nazista não foi apenas Hitler. Até porque, sozinho, Hitler teria dificuldade de implantar sua política genocida. Foi uma sociedade doente que não percebeu sua doença social, que o apoiou em seus primeiros passos para a construção de um dos maiores crimes lesa- humanidade. Os amigos de Hitler foram pessoas que propagandearam e ajudaram na instalação do sistema hitlerista. E nosso país não está caminhando de forma diferente desta construção social.
Aqui encontramos os “amigos de Bolsonaro”. Seja no apoio explícito de uma horda de seguidores imbecializados, seja na negação dos fatos atuais, nas justificativas de sua postura ou no silêncio obsequioso dos que poderiam calá-lo.
O país não pode ser um brinquedo nas mãos de uma pessoa tão incapacitada para gerir os rumos da nação. Nossas vidas importam e nosso futuro hoje se encontra ameaçado, nas mãos de uma pessoa extremamente perversa que não tem limites. Me incomoda a inércia das demais autoridades em fazer calar a boca, as práticas e os ideais genocidas de um único homem. Há um medo e um receio em discordar dos absurdos proferidos por Bolsonaro.
Todos sabem que suas falas são desprovidas de nexo, que sua política é criminosa, mas não fazem nada para mudar o quadro político que vivemos. Os poderes da República diminuem seu tamanho e envergadura, envergonham a nação pela frouxidão com que agem, quando justificam as falas de Bolsonaro; porque sabem que ele está errado, que ele age pela implementação de uma necropolítica genocida. Mas a mudez dos poderes constituídos é hoje uma realidade num país que se apequena diante do ódio e da omissão dos que poderiam sair em defesa da população.
Edição: Joana Tavares