Assinada nesta terça (20), uma carta de caciques e vice-caciques de quatro aldeias Pataxós, da cidade de Carmésia (MG), avisa ao governo estadual que não irá implantar a educação à distância durante a pandemia de covid-19. Os principais motivos são que os métodos pensados pelo governo de Romeu Zema (Novo) são absolutamente incompatíveis com a realidade de aldeias indígenas.
A resolução 4310/2020, da Secretaria de Educação de Minas Gerais, estabeleceu normas para que as aulas das escolas estaduais voltem a acontecer tanto do Ensino Fundamental, quanto do Ensino Médio e Profissional. Segundo a resolução, professores devem elaborar um Plano de Estudos Tutorado (PET), que deve ser cumprido pelo estudante “de forma autoinstrucional” (sozinho) ou de forma tutorada pela internet.
O plano para estudo será disponibilizado através da internet ou impresso, em distribuição em cada escola, conforme diz a secretaria.
Impossível
Inúmeros problemas já estão sendo apontados por estudantes e professores, e as necessidades dos alunos indígenas estariam sendo “desrespeitadas”, conforme escrevem os caciques pataxós. “Nosso público alvo é diferenciado e requer de Vossas Senhorias uma atenção condizente; não podendo de maneira alguma ser tratado como Ensino Regular, mas sim Ensino Regular Diferenciado”, diz a carta, que relembra que nas aldeias os hábitos e costumes são diferentes.
Assim, os servidores da Rede Estadual de Educação Indígena, afirmam os caciques, estão impossibilitados de realizar as atividades propostas, visto que as ferramentas (celular, computador e internet) para acompanhar os planos de aula não são parte da cultura e realidade indígena. “Uma casa de seis alunos de diferentes anos de escolaridade possui apenas um celular... ou nenhum. Como iremos chegar até esse aluno de maneira remota?”, questionam.
:: Artigo | A casa vira sala de aula ::
Entre lideranças, os indígenas pataxós das quatro aldeias de Carmésia decidiram que as atividades não serão realizadas de acordo com o que foi imposto. “A única maneira que encontramos foi de cada liderança com sua comunidade retornar as aulas presenciais em um cronograma de ensino com horários reduzidos, ao ar livre como sempre foi realizado por nosso povo”, explica a carta.
As aldeias aguardam agora um posicionamento do governo estadual.
Edição: Joana Tavares