Minas Gerais

Sem preconceito

Carta, ato e reflexões marcam o mês do Orgulho LGBT

Formas criativas e emocionantes de discutir o assunto pautam o período em Minas Gerais

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Parada deste ano foi adiada por tempo indeterminado, mas as demandas da comunidade LGBT estão sendo lembradas em diversas ações - Mídia Ninja

A semana do Orgulho LGBT foi lembrada de forma diferente neste ano. A tradicional Parada do Orgulho LGBT, que em Belo Horizonte reuniu 250 mil pessoas em 2019, foi adiada por tempo indeterminado, segundo informou o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos). Mas as demandas da comunidade LGBT estão sendo lembradas em diversas ações, inclusive bem emocionantes.

Bandeirões na Praça da Estação


“Foi um ato tranquilo, rápido, mas marcou a data como um momento importante e trouxe nossas reivindicações", afirmou manifestante / Felipe Muniz

No 28 de junho, Dia do Orgulho LGBT, uma das principais praças de Belo Horizonte recebeu um gigantesco bandeirão LGBT e o bandeirão da luta Trans. A ação foi organizada pelo Cellos/MG junto com parceiros, como o Coletivo Alvorada, e contou com pouquíssimas pessoas, mas simbolizou um importante momento em que a comunidade LGBT deve ser lembrada, afirma João Martins Nogueira Júnior, integrante do Cellos.

“Foi um ato tranquilo, rápido, mas marcou a data como um momento importante e trouxe nossas reivindicações, como as dificuldades que a comunidade tem tido com relação à pandemia”, lembra João. O ato também contou com bandeiras “Fora Bolsonaro/Mourão” e “Fora Zema”, esta última se referindo ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

De forma virtual, os organizadores da Parada LGBT realizam daqui em diante uma série de debates ao vivo em sua conta no Instagram @paradabh, na Jornada pela Cidadania LGBT. De 5 de julho, próximo domingo, a 2 de agosto, sempre aos domingos às 17h e às quartas-feiras às 19h. Os temas trazem alguns dos assuntos mais atuais: Conjuntura política, História da militância LGBT em BH, Políticas Educacionais e LGBTs, Direitos LGBTs em tempo de pandemia, Arte como militância, Comunicação e diversidade, Homossexualidade e Bíblia, LGBTs e família, e LGBTs e saúde mental.

Carta Aberta e Orgulhosa de professoras(es) a estudantes da UFMG

“Queridas e queridos estudantes, esse ano, nosso orgulho LGBT+ não estará nos corredores da faculdade”, assim começa a Carta Aberta e Orgulhosa de Professoras e Professores LGBT+ para estudantes LGBT+ da Faculdade de Direito Da UFMG, escrita em 28 de junho por 14 professores.

Sincera e emocionante, a carta conversa sobre as ansiedades que uma pessoa LGBT pode estar passando neste momento de pandemia, no seio da sociedade, da família e também da universidade.

“Mesmo sabendo disso tudo, o que nós podemos e queremos dizer a vocês nessa carta, infelizmente, não vai conseguir resolver as coisas. Mas gostaríamos de lhes dizer que nós mesmas passamos no passado e no presente por algumas das coisas pelas quais vocês passam. E estamos por aqui, ainda que agora à distância. E logo estaremos juntas para continuar a lutar para transformar o direito e o mundo. Essa carta, na verdade, tem um único e simples propósito. O de dizer que estamos aqui e que temos muito orgulho de vocês!”

Para jornalista refletir

Já o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais resolveu dar um toque em sua categoria sobre como a comunidade LGBTQ+ está sendo retratada na mídia. Um vídeo, feito com depoimentos de jornalistas LGBTs, fala da importância de debater a homofobia que está dentro do fazer jornalístico – nos profissionais ou na empresa.

“É necessário pautar a questão da homofobia institucional. Não existe só o indivíduo homofóbico, existe uma estrutura homofóbica e instituições que sustentam essa homofobia”, explica o jornalista Everlan Stutz.

O sindicato também sugere fortemente que os profissionais da comunicação leiam o Manual de Comunicação LGBT, que traz uma série de explicações didáticas sobre conceitos, termos, datas, símbolos e outros temas relacionados ao mundo LGBT. O manual foi elaborado pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) com diversas parcerias, sendo uma delas a Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ).

Histórico: 51 anos de Stonewall

Antes de terminar essa matéria, não poderíamos deixar de explicar a origem do Dia do Orgulho LGBT, não é? Em 28 de junho de 1969, no bar Stonewall em Nova York (Estados Unidos), uma multidão se rebelou contra a polícia, que tentava prender homossexuais. A resistência durou três dias e três noites e ficou conhecida como a Revolta de Stonewall. A reportagem especial “O pontapé inicial da luta por direitos LGBT no Brasil e no mundo” mostra a história do movimento de 1969 a 2019.

Edição: Elis Almeida