Por causa da pandemia, as eleições municipais possivelmente serão adiadas, caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2020 seja aprovada na Câmara dos Deputados. A medida, que já foi aprovada pelo Senado, joga o calendário eleitoral para dezembro deste ano.
Em Belo Horizonte, os partidos estão debatendo pré-candidatos, programas e estratégias para as eleições de 2020. Os registros de candidaturas devem ser protocolados até agosto, segundo calendário divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
O Brasil de Fato MG listou aqui os principais pré-candidatos de esquerda em Belo Horizonte. Todos aqui citados foram procurados, mas alguns não conseguiram responder no prazo determinado para o fechamento desta matéria.
Partido dos Trabalhadores (PT)
São sete pré-candidatos inscritos e a decisão será tomada em um encontro do diretório municipal, cuja data ainda será divulgada. O engenheiro Eduardo Novais, que seria a oitava inscrição, retirou sua candidatura e agora vai apoiar Nilmário Miranda.
Luana de Souza: Jovem, negra, microempresária, periférica. Sua trajetória política é ligada ao movimento estudantil e à Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen). Atualmente faz parte da secretaria nacional de juventude do PT e é integrante do diretório nacional da legenda.
“É a hora e vez dos invisíveis, mas sem esquecer que é necessário governar para todos. Apresentaremos para a população belorizontina um ousado programa de inversão de prioridades que coloque as/os mais necessitadas/os na centralidade de atuação do poder público”, afirma.
Para ela, o enfrentamento à ameaça fascista promovida pelo bolsonarismo deve ser conduzido por um campo político que priorize a unidade dos partidos democráticos populares, socialistas e progressistas.
Luiza Dulci: Com 30 anos, é economista e sua trajetória é militante e acadêmica. Foi Assessora de Juventude Rural do Ministério de Desenvolvimento Agrário do Governo Federal e atualmente faz parte do Coletivo Agrário Nacional do PT e do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.
“As perspectivas da campanha é chacoalhar o PT e dialogar com a cidade. O eixo central da nossa discussão é a ideia ‘BH do bem viver’, que traz a política da vida, a vida das mulheres, da juventude, dos idosos, da população LGBT, da população pobre e deficientes”, aponta.
Ela acredita que é preciso fazer um debate sobre a criação de uma frente de esquerda eleitoral – com partidos e movimentos populares – , inserir BH no contexto nacional e mundial no combate ao neofascismo e atuar com uma agenda propositiva que se conecte com a cidade.
Rogério Correia: É deputado federal, com atuação em defesa da educação, agricultura familiar e movimentos populares. Acredita que o debate sobre a prefeitura deve estar integrado aos movimentos populares, às Frentes (Brasil Popular e Povo Sem Medo), aos sindicatos, às torcidas organizadas, coletivos de negros, negras e de jovens.
“É preciso que o PT se desvencilhe de práticas antigas e já desgastadas na cidade. Outro ponto importante é representar o antibolsonarismo, trazer pra cá o que será a disputa nacional”, aponta. Rogério defende a criação de uma frente ampla para a disputa da prefeitura, como “única forma de a esquerda apresentar algo novo”, podendo disputar o segundo turno.
Miguel Correa Jr.: É ex-deputado federal e ex-vereador de Belo Horizonte. Em 2015 assumiu o cargo de Secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais. Tem 42 anos e experiência como professor.
Nilmário Miranda: Ex-deputado federal, tem 72 anos e é jornalista. Sua trajetória política é marcada pela defesa dos direitos humanos, inclusive ocupando o cargo de ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos do governo Lula. Em 2015 foi nomeado secretário de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais.
Geraldo Arcoverde: Secretário-geral do partido em BH.
Guima Jardim: Atual presidente do Diretório Municipal do PT. É coordenador setorial de Ciência e Tecnologia do PT de Minas e fundador do bloco de carnaval Filhos da PUC MG.
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
A pré-candidata escolhida por unanimidade dentro do partido é a ex-vereadora e deputada federal Áurea Carolina. Especialista em gênero e igualdade, mestra em ciência política, começou sua atuação política no movimento hip hop de Belo Horizonte. Atuou como subsecretária de Políticas para as Mulheres de Minas Gerais, é uma das fundadoras do Fórum das Juventudes da Grande BH e constrói as Muitas pela Cidade que Queremos desde o seu surgimento.
“Me apresentei para trazer uma perspectiva de defesa da democracia, e a afirmação de um projeto capaz de contrapor o bolsonarismo, as ameaças fascistas, a destruição das conquistas democráticas em Belo Horizonte e fazer uma conexão da luta nacional com a nossa realidade local, com a intenção de articular uma frente ampla, que possa, nas eleições, trazer uma alternativa de esquerda competitiva”, afirma.
Unidade Popular pelo Socialismo (UP)
O pré-candidato a prefeito é Leonardo Péricles, com Indira Xavier, coordenadora da Casa de Referência da Mulher Tina Martins, como pré-candidata a vice.
Morador de ocupação urbana, Leonardo tem trajetória política marcada pela militância no movimento estudantil secundarista e no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Atualmente é presidente da UP. “Para que servem os mandatos se não tiverem a serviço da luta dentro e fora do parlamento? Só com frente eleitoral não vamos vencer os fascistas. Os vereadores, deputados que se dizem de esquerda, têm que usar esses mandatos para impulsionar as manifestações e lutas populares, e estar nos atos para derrotar os golpistas. O povo é quem pode esmagar o fascismo e o autoritarismo”, afirma.
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
O pré-candidato escolhido é o presidente estadual do partido Wadson Ribeiro. Ex-secretário do Ministério do Esporte do governo Lula, também tem passagem pelo movimento estudantil e na União da Juventude Socialista (UJS).
“Queremos debater a cidade de Belo Horizonte, sobretudo aquela que será produzida após a pandemia, que infelizmente vai gerar uma população mais dependente do Estado, mais empobrecida, mais desempregada, com mais demanda por moradia. Estamos animados com o desafio de levar nossas ideias do que hoje significam as principais bandeiras da esquerda, do desenvolvimento da cidade, das políticas sociais, de uma cidade mais inclusiva e mais democrática”, afirma.
Edição: Elis Almeida