Moradores do distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, em Nova Lima, denunciam que a Vale teria feito a remoção de três famílias da comunidade de forma sigilosa no último sábado (25). Ação teria acontecido sem aviso prévio, e a empresa teria utilizado carros não oficiais, sem qualquer tipo de identificação, e também se recusado a informar o nome das pessoas que estavam sendo retiradas.
Onde moravam as três famílias remanejadas, residem muitas outras, que seguem vivendo no local e sem informações se estão na rota da lama, se correm risco de morte e se devem ou não deixar os seus lares.
Os moradores denunciam, ainda, que desde novembro de 2019 esperam a divulgação do mapa, de responsabilidade da Vale, que especifica todas as áreas que seriam atingidas por um possível rompimento de barragem.
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Eles tiveram acesso, há pouco tempo, apenas ao mapa preliminar, que não está completo.
“Esse mapa preliminar amplia a mancha que existia no mapa anterior. Aos poucos eles vão aumentando essa mancha e não dão o mapa definitivo, o mapa real para gente. Esse mapa preliminar eles também não divulgaram no site, e aí a gente tem que descer, aglomerar, ir até o espaço da Defesa Civil na comunidade para poder buscar um pouco de informação”, afirma a moradora Tatiana Sansi.
Tatiana pontua que a comunidade tem receio de que a Vale esconda dados como em Brumadinho, já que os indícios apontam que a mineradora sabia do risco que corria a barragem do Córrego do Feijão.
A Repórter Brasil teve acesso a mapas inéditos das regiões que estão no caminho da lama da Vale em Minas Gerais, entre elas Nova Lima. Acesse aqui.
Isolamento social em uma casa que pode ser destruída
A moradora Tatiana chama a atenção para a situação de ansiedade que tomou conta das pessoas próximas ao espaço onde houve a remoção, que convivem dia-a-dia com a incerteza. Elas devem fazer isolamento social em suas casas, por conta da pandemia de covid-19, mas, ao mesmo tempo, não sabem se o ato de ficar dentro de casa vai mantê-las vivas.
“É perturbador viver dessa forma. Precisamos ter segurança de onde estamos morando. Se podemos ficar, fechar o olho tranquilamente à noite, dormir. Precisamos saber que se a barragem romper, não vamos amanhecer debaixo da lama. A gente precisa saber que não vai ter mortos por conta da irresponsabilidade dessa empresa", desabafa.
Edição: Elis Almeida