Minas Gerais

Apropriação

Wisnik, Tom Zé e Grupo Corpo repudiam deputada bolsonarista

Carla Zambelli (PSL) utilizou uma composição dos artistas sem autorização: “achei que estava ajudando a divulgar”, disse

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Artistas estão tomando as medidas jurídicas cabíveis - Rogério Von Kruger/Divulgação

Após ser criticada nas redes sociais, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) apagou o vídeo em que elogiava o presidente com a música “Xique-xique”, de Tom Zé e José Miguel Wisnik. A composição, de 1997, faz parte do espetáculo “Parabelo”, do Grupo Corpo e foi utilizada pela bolsonarista sem autorização dos artistas.

“O vídeo procura construir a imagem de suposta ampla aceitação de Jair Bolsonaro no Nordeste, região onde, sabemos, ele foi derrotado em todos os estados nas últimas eleições presidenciais. Trata-se de uma operação de construção, de alavancagem da imagem de Jair Bolsonaro no Nordeste que quer tomar carona na nossa composição”, denunciou Wisnik, dizendo em nome de Tom Zé e do Grupo Corpo.

“Vai contra tudo aquilo que acreditamos e tudo aquilo que essa música representa”, afirma Wisnik

Além disso, Wisnik disse que a apropriação, realizada pela deputada, é “espúria e revoltante” e “vai contra tudo aquilo que acreditamos e tudo aquilo que essa música representa como alegria de viver, como força da cultura popular nordestina e como força da arte”.

Após apagar o vídeo, a deputada Carla Zambelli postou outro vídeo convocando nordestinos a mandaram suas músicas para a campanha de Bolsonaro. “Estou aqui com essa água de coco, com esse guarda-chuvinha aqui para gente lembrar da cultura nordestina”, afirmou. Ela se justificou dizendo que estaria respaldada na lei, por ter usado um trecho de 32 segundos e que não precisaria pedir autorização aos artistas ou pagar direitos autorais. “Fiz de bom grado, achando até que estava ajudando a divulgar um artista”, completou.

Os compositores, segundo Wisnik, estão tomando todas as medidas jurídicas cabíveis para cercear essa apropriação “repulsiva”.

Edição: Elis Almeida