O governador Romeu Zema (Novo) anunciou, em coletiva de imprensa na quarta (23), que as escolas estaduais têm previsão de retomar as aulas presenciais já em outubro. A decisão considera algumas prioridades, por exemplo, o 3º ano do ensino médio e a educação infantil. Além disso, considera o trabalho remoto para pessoas que fazem parte do grupo de risco.
Governo não apresentou um plano, um protocolo mínimo, garantias sanitárias para os trabalhadores, a comunidade, alunos e pais
Embora o governador tenha listado algumas medidas de segurança, os protocolos de reabertura serão anunciados posteriormente. Nesta entrevista, Denise Romano, coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-UTE MG), diz que a notícia assustou profissionais da educação, que temem por suas vidas, de seus alunos e comunidade escolar.
Brasil de Fato MG – A pesar de o governador ter autorizado a volta às aulas, ainda prevalece a liminar concedida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) no dia 15 de abril. Como está essa situação e quais são os interesses de Zema?
Denise Romano – O governo de Minas apresentou uma data sem apresentar um plano, um protocolo mínimo, sem dizer quais as garantias sanitárias, quais as garantias para os trabalhadores, para a comunidade escolar, para alunos e pais.
O que o governo fez foi desconsiderar todas as outras variáveis em relação à pandemia. Desde abril, temos uma liminar em vigor, do Tribunal de Justiça, que proíbe o Estado de convocar presencialmente.
Somos contrários à decisão. E isso trouxe bastante insegurança e angústia para nossa categoria, que já está adoecida
Nossa categoria está trabalhando de forma remota, e trabalhando como nunca, com uma angústia nunca antes vivida por nós, em virtude da própria pandemia, da falta de alcance e universalização da política de educação remota.
E, ainda por cima, completando o quadro, há um excesso de cobrança de preenchimento de planilhas imposta pelo governo do Estado aos trabalhadores, que por sua vez, não tiveram nenhuma oferta de condições para desempenhar o teletrabalho e estão, literalmente, se virando.
Como a categoria reagiu ao anúncio?
Somos contrários à decisão. E isso trouxe bastante insegurança e angústia para nossa categoria, que já está adoecida, que já está desempenhando o trabalho remoto, que desrespeita a jornada, o espaço familiar, que confunde a vida cotidiana da família com o trabalho. Além disso, o anúncio do governo traz incertezas e preocupações com a vida, a saúde dos trabalhadores em educação, dos seus familiares, dos alunos e seus familiares.
Quais medidas de prevenção ao coronavírus devem ser tomadas entre profissionais da educação e estudantes? E qual seria um momento adequado para reabrir as escolas?
Essa pergunta é interessante. Porque a escola é naturalmente um espaço onde as pessoas se encontram, onde há contato, aglomeração. Aí não interessa se são poucas ou todas as turmas, ou se é um ano, abertura sazonal, ou se é por meio de qualquer outro mecanismo de rodízio de alunos.
De qualquer forma haverá pessoas na escola, presencialmente. Com qualquer medida, a escola estará aberta e o espaço estará disponível para o vírus contaminar as pessoas. Não houve, nesses sete meses, nenhuma medida do governo do Estado no sentido de promover melhorias da infraestrutura das escolas. As escolas continuam as mesmas, com os mesmos problemas, mesmos prédios, mesmas deficiências, com a mesma falta de investimento de antes da pandemia.
Não houve, nesses sete meses, nenhuma medida do governo do Estado no sentido de promover melhorias da infraestrutura das escolas, que continuam as mesmas
Simplesmente, anunciar uma data para volta às aulas não significa que, em um passe de mágica, tudo estará resolvido para as escolas abrirem e receberem seus estudantes. As aulas devem ser retomadas quando houver segurança sanitária, quando os infectologistas disserem que não há mais risco de contaminação. Esse será o momento de reabertura das escolas.
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Edição: Elis Almeida