Há décadas cientistas mostram o perigo de não se poder viver mais na Terra muito em breve
Em cada estação climática, o Brasil, repetitivamente, é palco de dramas e tragédias insuportáveis. Em todas elas, a população pobre é a que mais sofre com mortes, perdas de meios de vida e sequelas sanitárias.
Chegou a primavera que sempre foi renovadora de esperanças. No entanto, esse ano reina as ameaças de turbulência climática e falta de perspectivas para milhões e milhões de trabalhadores informais e desempregados. No verão, enchentes e epidemias viróticas. No outono e no inverno, secas, incêndios, degradação ambiental, doenças pulmonares.
Na contramão da ciência ações políticas atuam a favor de ações econômicas devastadoras
É certo que o planeta Terra, desde que foi formado há 16 bilhões de anos, esteve em permanente transformação, com tenebrosas destruições de seres vivos e matérias orgânicas. Mas a ação humana e o espantoso progresso tecnológico vêm contribuindo para reações da natureza ao ponto de a época geológica atual ser chamada de Antropoceno.
Há décadas, os cientistas vêm mostrando o perigo de não se poder viver mais na Terra muito em breve. Na contramão da ciência vêm as ações políticas em favor das ações econômicas devastadoras.
Logo após a eleição presidencial em outubro de 2018, Jair Bolsonaro, antes de tomar posse como presidente do Brasil disse: Sou defensor do meio ambiente, mas desta forma xiita, como acontece, não. Não vou admitir IBAMA sair multando a torto e a direito por aí, bem como o ICM Bio (Instituto Chico Mendes). Essa festa vai acabar. Bolsonaro preferiu participar da festa do lobby das mineradoras, mesmo no momento em que a sociedade brasileira ainda se encontrava comovida pela tragédia de Mariana.
Vinte e oito dias depois de sua posse, aconteceu a tragédia de Brumadinho. Bolsonaro não ficou somente nessa afirmação, mas continuou a atacar o Greenpeace no caso do vazamento de óleo cru na costa do Nordeste, além de ofensas pessoais à jovem sueca Greta Thumberg e ao artista Leonardo DiCaprio. Suas ações favoreceu os especuladores e contrabandistas de madeira, minerais preciosos e animais silvestres, verdadeiro escândalo para o mundo.
Em discurso na Assembleia Geral da ONU em 22 de setembro de 2020, Bolsonaro atribuiu a indígenas e caboclos (camponeses pobres) a culpa pelas queimadas no Pantanal e na Amazônia.
Os governos que antecederam a Bolsonaro, desde a retomada da democracia (1985) mantiveram relações amistosas com os EUA. Além disso, nesse período, a imagem do Brasil no exterior tornou-se muito positiva, em defesa do meio ambiente e solidariedade com outros povos A cultura do país ganhou notoriedade e era fator de atração turística, mas neste governo vem sendo desvalorizada.
Agora prevalece a subserviência aos EUA. Ao ponto de o governo brasileiro retirar tarifas de importação do etanol norte-americano para ajudar a reeleição de Donald Trump, em troca de falsas promessas de vantagens na exportação de açúcar para os EUA.
O isolamento do Brasil cresce porque há um esfriamento de relação com os demais países do BRICS; o acordo com a União Europeia sobre o Mercosul não passa de um desejo, por causa da imagem negativa do governo Bolsonaro.
As consequências de tal isolamento serão catastróficas. O Brasil não passará de um mero exportador de matérias primas e importador de produtos industrializados com altos valores agregados.
Enquanto isto, a população estiola-se no empobrecimento, causado pela degradação dos empregos existentes, desempregos em massa e inoportunas concessões aos empresários. O custo de vida aumenta, mas não aparece como inflação nas estatísticas.
Esta é a nova forma oficial de mentir.
Antônio de Paiva Moura é docente aposentado do curso de bacharelado em História do Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh) e mestre em história pela PUC-RS.
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Edição: Elis Almeida