O coletivo Nigéria é uma candidatura coletiva do movimento negro de Minas Gerais. "Porque existe um apartheid separando brancos e negros nos espaços de poder do Brasil e de Minas", cita o candidato a vereador Alexandre Braga, que disputa uma cadeira na Câmara de Vereadores pelo PCdoB em Belo Horizonte.
Ele diz que "a coisa mais natural é chegar em uma Casa legislativa e não ver um parlamentar negro", e é com o objetivo de mudar essa realidade que o Nigéria foi criado.
O país africano Nigéria nomeia à iniciativa por ser de onde veio a maioria dos negros escravizados
Fazem parte do projeto as seguintes candidaturas coletivas, construídas pela União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro):
Belo Horizonte - Alexandre Braga (PCdoB) a vereador; Betim - Negra Ágil (PCdoB) a vereadora; Bocaiúva - Vanessa Quilombola (PCdoB) a vereadora; Cataguases - Rita (Rede) a vereadora; Juiz de Fora - Wanderson a vereador; Januária - Lucilene Quilombola (PCdoB) a vereadora e Sidnéia Quilombola (PCdoB) a vereadora; Montes Claros - Hilário Bispo (PCdoB) a vereador; Paracatu - Lara (PDT) a prefeita; Sabinópolis - Ivanilde (PT) a vereadora; Uberaba - Mestre Café (PDT) a vereador.
Planos
Para cada cidade, propostas foram construídas de forma também unificada, em conferências online que trataram sobre juventude, mulheres, cultura e outros temas.
Em BH, de acordo com Alexandre, estão sendo estudadas a implementação de medidas em busca de renovação política, mas também algumas que foram colocadas em prática nos anos de governo Lula e de Patrus Ananias (PT), que governou a capital mineira de 1993 a 1996.
Uma das propostas do coletivo é resgatar a Escola Plural, como forma de diminuir o índice elevado de evasão da juventude negra
“A Escola Plural é uma das principais. É inovadora, aberta ao debate, pode ajudar a diminuir o índice de evasão da juventude negra, que é muito elevado. Mas também queremos uma escola atualizada, competitiva para disputar o Enem", declara o candidato, que defende, ainda, que as crianças e jovens sejam diretamente acompanhados dentro do colégio por profissionais de assistência social.
"Queremos modificar esse sistema da escola pública de hoje e associar a projetos culturais. Por exemplo, alunos poderiam ser bolsistas. Receber uma verba para incentivar eles a ficarem no fim da tarde na escola fazendo aula de teatro, dança, balé, hip hop. É preciso que os jovens se sintam cativados dentro da instituição”.
População negra não chega a 9% dos vereadores eleitos
As propostas do coletivo estão enquadradas em 14 eixos: educação, saúde, turismo, mobilidade, juventude, esporte, cultura, assistência social, direitos humanos, economia, meio ambiente, mulheres, segurança e LGBTQ+. Conheça aqui.
“BH é um polo de empreendimentos solidários e precisa estancar a sangria do desemprego estrutural com políticas públicas no Vetor Norte, no Vetor Centro-Oeste e na Pampulha, por exemplo. Nisso, a PBH precisa criar um Plano Municipal de Emergência para fomentar tais iniciativas e coordenar esses processos, com foco na Secretaria Municipal de Economia Solidária e na expansão da Renda Básica Universal como política focal da agenda solidária da cidade, bem como serviços de creches à noite e finais de semana”, complementa Alexandre.
Tradição
O país africano Nigéria foi o escolhido para dar nome à iniciativa pela descendência que os brasileiros possuem dos nigerianos, já que veio de lá a maioria dos negros escravizados na América Latina. Tanto Brasil quanto Nigéria também possuem algumas das maiores porcentagens de população negra do mundo.
Disparidade
Conforme dados da União Nacional dos Vereadores, existem 57.420 mil cargos de vereadores nas 5.567 Câmaras Municipais no Brasil. A população negra não chega a 9% dos vereadores eleitos e são 20% dos parlamentares na Câmara dos Deputados, em Brasília.
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Edição: Elis Almeida