Minas Gerais

MUDANÇA

Pressão para que aeroporto Carlos Prates se torne parque com área verde

Terminal será desativado após décadas de luta. Movimentos querem que espaço seja aproveitado para meio ambiente e lazer

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |

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Aeroporto Carlos Prates
Com a confirmação da desativação do Aeroporto Carlos Prates, cresce a movimentação para que o terreno seja transformado em um parque, com ampla área verde e espaços para socialização e lazer - Créditos da foto: Governo de Minas Gerais

Com a confirmação do Ministério da Infraestrutura sobre a desativação do Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte, cresce a movimentação para que o terreno seja transformado em um parque, com ampla área verde e espaços para socialização e lazer dos frequentadores da região.
O aeroporto, que é dedicado a voos particulares e formação de pilotos, é de responsabilidade do governo federal, que prometeu que o fechamento acontecerá até no máximo 2021.

História

A população se movimenta para que o aeroporto seja removido do bairro Carlos Prates há décadas. Foi nos anos 1980 que surgiu o movimento "Muda Aeroporto", hoje nomeado “Aeroporto Não”, a partir da união de cidadãos preocupados com o alto índice de acidentes com aeronaves na redondeza. 

Apenas em 2019 quatro pessoas morreram em decorrência de quedas dos aviões que decolam ou pousam no terminal, incluindo um morador e um motorista que dirigia pelo bairro.

Nos anos 1980 surgiu o movimento "Muda Aeroporto", hoje nomeado “Aeroporto Não”

Assim que a desativação foi anunciada, moradores, entidades, deputados, vereadores, associações de bairros e ambientalistas reforçaram a reivindicação - também antiga - de que o terreno do aeroporto, de 547 mil metros², seja transformado em um parque.

Como o terreno pertence ao Executivo federal, o primeiro desafio é que a área seja repassada à Prefeitura de Belo Horizonte. A candidata à prefeita de BH Áurea Carolina (PSOL) e o deputado federal Rogério Correia (PT) já entregaram ao Ministério da Infraestrutura um pedido para doação do espaço para a capital mineira.

O que a população quer?

“Precisamos garantir que isso vire realidade e que ao mesmo tempo que a área possa ser revertida para a população, para que ela faça o que quiser lá”, afirmou Rogério, que informou, ainda, que o governo federal analisa a transferência do aeroporto para a Pampulha.

“Falei com o ministro [Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura] que poderíamos olhar para Betim ao invés da Pampulha, porque na Pampulha também existem problemas, e perguntei sobre o aeroporto ser repassado à PBH. Ele disse que existem essas possibilidades”, conta o deputado federal.

Áurea Carolina, deputada federal que também assinou o requerimento de mudança de posse do terminal, acredita que caso o pedido se concretize a saída é ouvir especialistas e comunidade para definir a destinação do local.

“A região noroeste precisa ser ouvida, foram longos anos reivindicando o fim das atividades do aeroporto que causou tanto medo e tragédias. Temos referências internacionais em espaços similares que foram transformados em parque e espaços coletivos. Em Berlim, na Alemanha, o antigo aeroporto Tempelhof se transformou no maior parque da cidade. A população de lá foi contra entregar a área para o setor imobiliário. O Parque do Bicentenário em Quito, no Equador, também era um aeroporto”, afirmou a parlamentar.

No dia 8 de outubro, Áurea realizará uma plenária para debater o assunto às 19h. O encontro é virtual, aberto, e convida a população para o debate. Para participar, acesse o link. 

Um parque para chamar de nosso

Quem defende a ideia de que o terreno seja transformado em um parque lembra que a região Noroeste tem a menor taxa de área arborizada do município. De acordo com o Sistema Local de Monitoramento de Indicadores Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de BH, lá são 14,7 metros quadrados por habitante, enquanto a segunda colocada, região Oeste, possui uma taxa de 25,66 metros quadrados por habitante.

"Não é à toa que o calor lá não é fácil, justamente pela inexistência de árvores. E a área do aeroporto é maior que o parque municipal umas três vezes. Cabe a possibilidade de um museu, inclusive da aviação, e muitas outras coisas que podem ser usadas de forma coletiva, que podem gerar trabalho e renda”, analisa Neila Batista, assistente social e ex-vereadora de Belo Horizonte.

Região Noroeste tem a menor taxa de área arborizada do município

Ela ressalta que é “preciso ficar atento”, já que pela localização e espaço o aeroporto “pode ser alvo da especulação imobiliária”. "Precisamos nos importar com a qualidade do nosso ar. Nossa briga é para trazer esse espaço e que ele seja usado a partir da escuta do povo", ressalta.

O vereador Arnaldo Godoy compartilha a opinião e destaca a necessidade de uma audiência pública sobre o tema. "Audiência com o mesmo processo de orçamento participativo, para ouvir o que cada um tem a dizer. Um parque? Uma biblioteca? Temos que pensar algo que seja bom para as pessoas mas também para Belo Horizonte”.

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Edição: Elis Almeida