Os servidores públicos possuem os contracheques disponíveis no portal da transparência. Me indaguei: qual o salário de um comandante? Nunca tinha me atentado para isso.
O valor de um único comandante é 10 vezes mais que um salário de professor da rede estadual de ensino, 27 vezes aquilo que ganha um pai ou mãe, para alimentar 5 bocas na sua família.
Assim vieram-me algumas perguntas: qual serviço social este agora candidato a prefeito prestou de forma espontânea às comunidades de nossa cidade? Quantas vezes até o presente pleito, fora de seu horário de trabalho, se dignificou a conhecer projetos sociais, creches, abrigos, conversar com moradores de rua, ir ao encontro dos mais pobres e desassistidos?
A qual classe social o candidato pertence? Qual o nicho de relações sociais possui? Será que é o mesmo do trabalhador comum? Será que ele possui as mesmas aspirações do povo? Como saberá o que o povo precisa, se há muito tempo deixou de ser "povo"?
Ser da PM não traz a condição de ser administrador da cidade, vide o presidente da República, capitão e péssimo exemplo, vide o ex-juiz Witzel, praticamente cassado no Rio de Janeiro, vide o comandante Moisés de Santa Catarina, que também já se encontra afastado do cargo.
Como saberá o que o povo precisa, se há muito tempo deixou de ser "povo"?
Me parece razoável admitir que os exemplos citados demonstram que tais ex-servidores não conseguem ou conseguiram administrar nada e já sofrem as consequências disso.
Nada tenho contra a carreira e sucesso de ninguém, faço jus para que todos tenham ótimos salários e conquistem na sua vida o que bem entenderem, mas o que fica claro para mim são os interesses, os projetos, estes me chamam a atenção.
Fico sem entender qual a finalidade de permitirmos a militarização do país, dos estados e municípios. Fica claro que a receita preparada até o momento mostra que militar deve cuidar da cidade e protegê-la, pois, é para isso que se formou.
Platão já dizia que a vida política é para poucos e só pode trazer justiça aquele que busca acabar com a injustiça. Assim sendo, quem ganha R$ 27 mil por mês num país tão desigual e nunca buscou a justiça social antes, porque a buscaria agora?
Eric Bomfim Fontoura é coordenador do Sind-UTE subsede Teófilo Otoni
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Edição: Elis Almeida